Longa faz bom uso do 3D: até pessoas são jogadas em direção à plateia. Trama repete confusão sem sentido e pouca fidelidade aos mitos gregos.
 
 Um dos maiores problemas, entre tantos, em “Fúria de Titãs” (2010) era o mau uso do 3D – na verdade, a total ausência de efeitos de terceira dimensão, até porque o longa foi filmado da forma convencional e “convertido” depois, quando os produtores e distribuidores se empolgaram com o sucesso de “Avatar”. O segundo longa da franquia chega aos cinemas em estreia mundial nessa sexta-feira, e é apresentado nas versões 2D, 3D e 3D IMAX. Diferente do anterior, esse tem o efeito: água, pedra, bolas de fogo e até pessoas são arremessadas em direção à plateia.
Fora isso, a trama é a mesma confusão sem muito sentido e pouca fidelidade aos mitos gregos, como o filme de 2010. Jonathan Liebesman (“Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles”) assume o posto de diretor, e Sam Worthington (“À Beira do Abismo”) continua no posto do semideus Perseu que, depois de ter derrotado o monstro Kraken, leva uma vida de pescador com seu filho Hélio (John Bell).
Os deuses, por sua vez, correm o risco de deixar de existir, porque segundo Zeus (Liam Neeson, de “Esquadrão Classe A”), ninguém mais reza para eles, e é a oração que dava força a esse pessoal. Antes que alguém possa parar para pensar se os gregos antigos realmente rezavam (no sentido contemporâneo da palavra), “Fúria de Titãs 2″ mostra a sua verdadeira fúria, e uma série de explosões, bichos estranhos e perseguições entram em cena.
O que se percebe facilmente é que o fratricídio corre no DNA dos deuses e seus rebentos. Hades (Ralph Fiennes, da série “Harry Potter”), odeia Poseidon ( Danny Huston, “Robin Hood”) e Zeus, e faz de tudo para se livrar deles. Já Ares (o colombiano Édgar Ramírez, da série “Carlos”), o filho divino de Zeus, não suporta seu meio-irmão, Perseu. São redes de intrigas e conspirações divinas e mundanas que, no fim, se resumem à matança de gregos inocentes.

A presença feminina é apenas da Rainha Adrômeda (Rosamund Pike, de “A Minha Versão do Amor”), que continua linda e loira liderando soldados em meio a batalhas. Ainda assim, a atriz é uma grata surpresa no filme com seu sorriso luminoso cercado por brucutus do mundo antigo.
A montagem de “Fúria de Titãs 2″ não valoriza as cenas – especialmente aquelas de batalha – picotando as sequências e, assim, desvalorizando todo o trabalho técnico do filme, como a direção de arte e fotografia. O que é um desperdício, uma vez que neles reside aquilo que há de mais interessante no filme. Da série “Fúria de Titãs” só o primeiro filme de todos – aquele de 1981, que ganhou o remake capenga em 2010 – continua sendo interessante. Apesar de seus efeitos simples, os personagens são cativantes, e a trama, bem amarrada.