- Quem sofre de narcolepsia pode ter ataques de sono que acontecem a qualquer momento do dia
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A preguiça tem um lado bom, quando usada para se recuperar de uma semana puxada no trabalho, por exemplo. “O ócio não é necessariamente prejudicial, pois nos permite repousar, estar com as pessoas de quem gostamos etc. Também pode ser uma forma de diminuir o impacto que a pressão do dia a dia exerce sobre o indivíduo”, explica a psicóloga Lara Luiza Soares de Souza, do Hospital Albert Einstein. Mas ela alerta: “o prejuízo acontece quando esse comportamento se torna uma constante, atrapalhando o funcionamento na vida pessoal e profissional”.
Quando se sente preguiça excessiva e constante é melhor ficar atento e investigar. Pode ser uma situação passageira, uma resposta natural ao cansaço ou ao estresse. Mas se permanecer por períodos prolongados, pode ser indicativo de uma condição mais grave, e até ser sintoma de doenças como depressão, narcolepsia ou síndrome da fadiga crônica.
Um dos principais sintomas da depressão é justamente a queda de energia, que leva ao desânimo e à passividade. Essa “vontade de não fazer nada” e a "falta de interesse pelas coisas” são facilmente confundidas com preguiça. No entanto, a depressão é algo sério e precisa de atenção especial. Afinal, trata-se de uma doença e, como tal, necessita de tratamento adequado, geralmente baseado em aconselhamento psiquiátrico e medicamentos antidepressivos, que regulam a química cerebral.
Narcolepsia
A sonolência excessiva também pode ser sinal de outra doença, a narcolepsia: um distúrbio caracterizado por exatamente pela vontade demasiada de se dormir durante o dia, mesmo depois de uma boa noite de sono.
Quem sofre deste mal tem ataques de sono que podem acontecer a qualquer momento e em situações inusitadas, como em pé dentro de um ônibus, durante uma aula ou mesmo em um bar, conversando com os amigos. E isso pode ser potencialmente perigoso, pois a pessoa pode dormir enquanto dirige ou opera máquinas, por exemplo.
O tratamento é feito com medicamentos estimulantes, para manter a pessoa acordada, além da orientação não só do paciente como de seus familiares.
Síndrome da fadiga crônica
Preguiça também pode ser sintoma de outra doença, a chamada síndrome da fadiga crônica. “É uma coleção de sintomas que se manifesta principalmente por meio de uma queixa persistente em torno do cansaço, da falta de força, mesmo para as atividades triviais do cotidiano”, explica o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, professor do Instituto de Psicologia da USP.
A síndrome é ainda pouco conhecida. Embora seja classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença do sistema nervoso, pouco se sabe sobre suas causas.
Ela geralmente aparece depois de alguma doença infecciosa, como gripe, resfriado ou sinusite. Porém, mesmo após a cura desses males, o cansaço e a indisposição persistem – às vezes por mais de seis meses.
O dignóstico da doença também é difícil, não havendo testes de laboratório para identificá-la. De acordo com o International Chronic Fatique Syndrome Study Group - grupo internacional que investiga a doença - o critério para estabelecer o diagnóstico é apresentar por mais de seis meses, no mínimo, quatro de seus sintomas: dor de garganta; gânglios inflamados e dolorosos; dores musculares; dores em múltiplas articulações; dor de cabeça; comprometimento da memória e da concentração; sono que não repousa; e fraqueza intensa e persistente.
Não há cura para a síndrome, mas seus sintomas podem ser tratados. “Anti-inflamatórios são recomendados para as dores musculares ou articulares; drogas antidepressivas podem melhorar a qualidade do sono”, aponta Souza. “Mudanças de estilo de vida também podem ser úteis como uma dieta equilibrada, uso moderado de álcool, exercícios regulares e manutenção do equilíbrio emocional para controlar o estresse”, continua.
Rendendo-se à preguiça
A preguiça excessiva pode não apenas ser sinal de problemas de saúde como pode também causá-los. A falta de disposição para fazer atividades físicas, por exemplo, pode levar ao sedentarismo e, consequentemente, à obesidade. E isso pode desencadear uma série de problemas para a saúde, inclusive diabetes e doenças cardiovasculares.
O problema chegou a ser investigado por uma equipe da Universidade de Londres em uma pesquisa publicada este ano no British Journal of Sports Medicine. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo, Richard Weiler e Emmanuel Stamatakis, chegam a sugerir que a inatividade física seja considerada uma doença.
Eles apontam que combater a preguiça significa também combater a raiz de problemas como obesidade, diabetes, hipertensão e doenças cardíacas. “Quem não se movimenta tem mais chances de contrair doenças. Já existem estudos que demonstram que o sedentarismo causa malefícios à saúde como obesidade e aumento da pressão arterial”, diz Souza.
Para vencer a preguiça nesses casos é preciso considerar uma mudança no estilo de vida. Uma dieta mais saudável e a prática de exercícios físicos podem trazer benefícios consideráveis. Por mais difícil que seja começar, depois que os exercícios físicos passam a fazer parte da rotina, você se sente mais disposto a fazê-los e com mais energia para realizar as tarefas diárias.
O segredo é escolher uma atividade que dê prazer e persistir. Outra dica para vencer a preguiça é tentar melhorar a qualidade do sono. Afinal, uma noite bem dormida aumenta a energia e a disposição.
Protesto preguiçoso
Mas é preciso também refletir sobre as tarefas que realizamos. Às vezes sentimos preguiça de realizar uma tarefa simplesmente por não gostarmos, não concordamos ou não estarmos satisfeitos com ela. “Muitas vezes parece que o melhor a fazer é nada fazer. Mas nem sempre podemos nos dar a esse luxo, então é preciso buscar algo que torne a tarefa mais interessante”, explica Daniel Kupermann, professor do Instituto de Psicologia da USP.
Desta forma, a preguiça pode ser um “protesto” do corpo ao estilo de vida – corrido, estressante, cheio de obrigações e pressão, e sem tempo para o lazer. “Pouca gente se pergunta sobre as razões da inatividade, como a oferta reduzida de espaços de lazer e as dificuldades de se morar em grandes cidades”, aponta Dunker.
FONTE: Do UOL Saúde em São Paulo/Chris Bueno
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