“Apesar do excesso de água em nosso território, sofremos com a falta da água potável no país. Pode ser uma falta quantitativa, quando não existe água suficiente no território - como no sertão nordestino - ou qualitativa - quando, apesar de existir a água, ela está poluída”, explica Tucci. Neste último caso está enquadrada a cidade de São Paulo.
“A região metropolitana paulista usou quase todos os recursos próximos e poluiu o restante. Dessa forma, as opções são buscar água cada vez mais distante, o que torna o custo maior, ou melhorar a gestão dos recursos disponíveis, como o reuso de água por meio da rede de saneamento”, explica o professor. Apesar dos problemas localizados, a geografia privilegiada do Brasil faz com que o país não tenha índices maiores de problemas com escassez de água.
Quanto ao resto do mundo, não se pode estipular uma data na qual a água potável acabaria, pois o recurso varia em cada país. “A disponibilidade e o consumo da água potável mudam de acordo com a região. Atualmente, utilizamos 70% de toda água de boa qualidade disponível no globo para a agricultura, 20% para a indústria, e 10% para consumo humano. Pode parecer que não falta água, mas em um futuro próximo isso pode se tornar um problema sério”, afirma o professor.
O futuro pode estar mais perto do que se imagina. Segundo os últimos relatórios de Desenvolvimento Humano da ONU, publicados entre 2006 e 2011, se o consumo de água potável continuar da forma que está, países africanos e asiáticos sofrerão com uma grave escassez de água já em 2025, que afetaria cerca de 5,5 bilhões de pessoas.
A água do mar pode ser uma alternativa à água doce?
O professor Carlos Tucci explica que a água salgada pode ser uma alternativa para regiões próximas do mar, porém com custos mais altos referentes à dessalinização. Como exemplo, ele cita a cidade de Perth, na Austrália, que já usa esse tipo de água para abastecer cerca de 1 milhão de pessoas.Mesmo assim, países como Canadá e Brasil, banhados por imensas reservas de água doce, vivem em um cenário distante de uma catástrofe. Para se ter uma ideia, um canadense gasta em média 600 litros de água diários, enquanto um africano utiliza menos de 30 litros em suas atividades por dia.
No Brasil, outro fator que deve ser levado em consideração é a poluição. A maioria dos riachos e mananciais que banham as cidades brasileiras estão poluídos, já que o país mantém apenas de 15 a 20% da rede de esgoto com o tratamento adequado.
Iniciativa ecológica
Usar água de forma irresponsável pode acelerar ainda mais os problemas que o planeta tem que enfrentar com a questão da escassez de água. Atitudes do cotidiano como escovar os dentes deixando a torneira aberta ou tomar um banho demorado devem ser evitadas ou trocadas por gestos mais ecológicos. Foi pensando nisso que o inventor Mário Benedito criou o "vaso sanitário ecológico", uma solução sustentável para evitar o desperdício. A invenção elimina as fezes sem o uso de água.
- Privada que dispensa a água
No equipamento ecologicamente correto, a água dá lugar à cal, que transforma as fezes em pó dentro de algumas horas. A solução final pode ainda ser utilizada como adubo.
Outra vantagem do sistema é que a substância faz evitar o mau odor, pois impede a liberação de metano, gás responsável pelo mau cheiro. O produto também impede que as fezes sejam jogadas no esgoto, oferecendo uma alternativa para o saneamento básico. A invenção, porém, ainda não é produzida em escala industrial.
Ronaldo Marques
FONTE: do BOL, em São Paulo/Água potável pode acabar
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