Não está sendo uma grande surpresa para qualquer nordestino mais experiente a atual estiagem que se abate sobre a Região Nordeste, uma vez que, mesmo que a última década tenha sido de anos de chuvas regulares, estava latente na memória de todos nós os malvados ciclos de seca que, com certa regularidade, comparecem na região.
Esses ciclos
variam de 10 a 14 anos de chuvas regulares, tomados os padrões da
Região, entremeados de períodos de 2 a 5 anos de perversa escassez e
irregularidade de chuvas. O problema é que mesmo sabendo- se da
existência desse fenômeno, um período de regularidade geralmente
alimenta a esperança do nordestino, fazendo-o crer que as mudanças
climáticas globais estão influindo para atenuar o sofrimento regional.
Quando chega um
novo período de irregularidade no regime de chuvas nem mesmo os Órgãos
Oficiais de acompanhamento e controle do tempo estão plenamente
preparados para o enfrentamento. Estão de fato, como a maioria dos
nordestinos mais simples, nutrindo a ideia de as coisas estão mudando
para melhor. Cada ciclo de seca deixa, ao seu término, dolorosos
resíduos de seus efeitos, seja no ecossistema, que é atingido tanto pela
própria seca, quando pela ação do homem para se salvar e salvar seus
animais, seja na qualidade de vida das pessoas no curto e no médio
prazo, posto que, da mesma forma que os períodos de regularidade de
chuvas ensejam acumulações de bens, os períodos secos afetam
negativamente esses incipientes patrimônios.
É um constante
movimento de sanfona. Cresce lentamente por um tempo, logo começa a
triste volta. Felizmente, a direção do crescer tem sido mais prolongada
do que a direção do decrescer, deixando um resíduo que representa a
esperança do povo nordestino,
Esses ciclos
atualmente já são bem mais suportáveis que no passado e serão ainda mais
quando adotarmos medidas para a convivência com a seca e não para o seu
combate tópico. Para conviver temos que desenvolver e difundir
variedades de espécies forrageiras tolerantes à seca e educar o nosso
homem para fazer melhor uso de nossos aquíferos.
José Humberto Cavalcanti
Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
FONTE: COISA DA VIDA
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