O cenário político brasileiro está envolto em gravíssimas manipulações da população e da opinião pública, distorções da realidade e atitudes totalitárias e antidemocráticas. Tentarei, dentro de minhas limitações, esclarecer, neste artigo, alguns pontos a respeito.
Em um pronunciamento esperado por toda a população - em contexto de eclosão de manifestações populares -, de modo que chegou a atingir recordes de audiência, Dilma Rousseff - entre outras promessas e mentiras - anunciou que receberia "movimentos sociais" para dialogar e ouvir reclames e propostas.
Em um pronunciamento esperado por toda a população - em contexto de eclosão de manifestações populares -, de modo que chegou a atingir recordes de audiência, Dilma Rousseff - entre outras promessas e mentiras - anunciou que receberia "movimentos sociais" para dialogar e ouvir reclames e propostas.
Após afirmar que, como "presidenta", tinha a obrigação de ouvir todas as propostas e dialogar com todos os segmentos e que "as pautas dos manifestantes se tornaram prioridade nacional" e que "a voz das ruas precisa ser respeitada", afirmou: "Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os representantes das organizações de jovens, (...) das associações populares". "Precisamos de suas contribuições, reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente".
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Perceba o canto inferior direito. Tamanha é a explicitude que um dos "movimentos" seletos é a "Juventude do PT" Imagem: Reprodução/Internet |
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Jovens da "UNE" demonstram a sua "luta política" amontoando-se ao tentarem aparecer em foto com Lula. Imagem: Reprodução/Internet |
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O "movimento responsável por manifestações pacíficas" MST demonstra seu caráter crítico em relação ao Governo. Imagem: Reprodução/Internet |
Em um visível gesto de "desvio de assunto" e fraude, Dilma não apenas tentou enganar boa parte da população que detém menor acesso a meios de comunicação independente, como as redes sociais e a internet, fazendo parecer que os movimentos que representam a população predominante nos protestos a apoiaram, como também usou de suas marionetes para obter apoio para o seu temível "plebiscito". Explico:
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PT e CUT: aliados históricos inegáveis. |
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Bandeiras do PT e do MST unidas não são nada incomuns. Imagem: Reprodução/Internet |
A CUT, como não seria preciso notar, é um irmão siamês do PT e nada teve a ver com as manifestações, assim como a UNE, aliada histórica - e também berço histórico - de corruptos e do PT, entidade que recebe dinheiro estatal - leia-se dinheiro do cidadão brasileiro - para neutralizar jovens e simular "lutas políticas", inserindo-os em contexto de politicagem e partidarismo. O mesmo se aplica, com equivalente ou ainda maior intensidade, ao MST.
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UBES, PT e Juventude do PT: sempre de mãos dadas. Imagem: Reprodução/Internet |
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Lula e Haddad discursam sobre a bandeira da UNE. Imagem: Reprodução/Internet |
b) Ainda que os temas GLBT sejam muito difundidos entre a sociedade, inclusive com participantes, nos recentes protestos, contrários à "Cura Gay", entre outras razões, tal proposta surgiu em meio às manifestações devido ao andamento da mesma, não participando da eclosão e não representando, de modo razoável, as demandas nelas perpetradas.
Há, inclusive, a razoável tese de que tal aprovação seria apenas mais um meio de, coligado à mídia, o Governo desviar a atenção e dividir a população (assim como na primeira repercussão relativa a Marcos Feliciano e a sua indicação ao cargo após onda de protestos contra Renan Calheiros). Não estou a dizer que estes temas não são relevantes, vale ressaltar. No entanto, associá-los às mainfestações, sobretudo em destaque, é risível.
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Representante da UNE demonstra o caráter crítico e contra a corrupção presente na entidade dando amigáveis tapas nas costas de Sarney, em meio a sorrisos para fotos. Imagem: Reprodução/Internet |
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Representantes da UJS posam, orgulhosos, ao lado de Dilma. |
c) Como é visível a qualquer cidadão que participou e tem participado das manifestações iniciadas em junho, as pautas prioritárias foram combate à corrupção, investimentos em saúde e educação, luta pela conservação dos cofres públicos, mediante a preservação de recursos para a efetiva aplicação em serviços que atendam à população, moralização da política - incluindo conteúdos como PEC 37, crime hediondo, fim do foro privilegiado, PEC 18, ampliação da CGU, remoção de corruptos condenados de seus cargos, PEC 33, PEC 280, PRC9/11, entre outros - e do manejo dos bens públicos. Neste ponto, elevadíssima parcela dos manifestantes apresenta nomes claros para contraposição: Renan Calheiros (aliado do PT), José Sarney (aliado do PT), mensaleiros condenados, José Genoino (PT), Cunha (PT), entre outros.
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Imagem representativa do "espírito de luta" de tais "juventudes", ao lado de Sarney, Calheiros e outros. Imagem: Reprodução/Internet |
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Espírito "combativo" de representantes da UBES. Imagem: disposto na figura. |
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Repare em como os líderes das "associações de estudantes" apresentam um aspecto crítico em relação ao governo, entre sorrisos e poses para fotos com Lula. Imagem: Reprodução/Internet |
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Lula discursa sobre bandeira da UNE. Imagem: Reprodução/Internet |
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MST e PT: irmãos siameses. Imagem: Reprodução/Internet |
Sobre tais reuniões, noticiou o Correio Braziliense uma das afirmações de Dilma: “Será um ciclo novo [de reuniões] que a gente está abrindo, além das que já fizemos, sempre nessa perspectiva da importância de ouvir a sociedade, as demandas, aquilo que as ruas manifestaram e, a partir daí, tomar atitudes que o governo entender que são possíveis e que atendam às demandas sociais”.
Esta postura é não só demagógica, manipuladora e, pode-se dizer, fraudulenta, como também revela a ditadura, ainda que implícita, exposta pelo bloqueio do diálogo e pela simulação de cooperação com demandas dos manifestantes. Sobre o perfil dos manifestantes, pode-se acompanhar pelas redes sociais, por pesquisas do Data Folha (entre outros) e por enquetes do site Folha Política.
Dilma Rousseff, autoridades adjuntas e a grande mídia em geral ignoraram movimentos fortes, de enorme abrangência e tradição no combate à corrupção. Ainda que tenha predominado a horizontalidade, o papel, a representatividade e a relevância destes movimentos é inegável.
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Juventude do PT e UJS, UBES, UNE: sempre unidos. Imagem: Reprodução/Internet |
Além de responsáveis por centenas de manifestações, protestos e eventos anteriores e já tradicionais, afora o fato de, juntos, alcançarem mais de 60 milhões de pessoas por semana nas rede sociais, detêm, juntos, mais de 5 milhões de participantes e seguidores, além de colaboradores informais, grupos de estudo sobre o tema, grupos de conscientização, cursos e discussão de projetos políticos. Tais grupos, não alinhados ao poder constituído, foram sistemática e descaradamente ignorados. Entre os principais, pode-se destacar: MCC (Movimento Contra Corrupção), JCC (Juventude Contra Corrupção), QFC (Quero o Fim da Corrupção), DDB (Dia do Basta), RFJ (Reforma Política Já!), GECCOR (Grupo de Estudos para o Combate à Corrupção), MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), Nas Ruas, OCC (Organização de Combate à Corrupção), Revoltados On Line, MBCC (Movimento Brasil Contra Corrupção), Acorda Cidadão!, MBC (Movimento Brasil Consciente), Acorda Brasil, entre outros. Tais movimentos são, em geral, espontâneos, oriundos da sociedade civil, contínuos, apartidários e desprovidos de qualquer ligação com o governo, não recebendo quaisquer verbas oficiais (no que se distinguem dos movimentos convocados). Há ainda, a colaboração de mídias sociais, como a página A Verdade Nua e Crua e páginas "Anonymous".
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MST e PT: irmãos siameses. Imagem: Reprodução/Internet |
Após as "reuniões" com os "representantes" - selecionando de modo torpe aliados e subordinados e simulando estar dialogando com o povo -. muitos desses falaram à mídia, declarando total apoio à proposta de plebiscito sugerida por Dilma Rousseff, em tom amigável, ignorando as propostas da "voz" das ruas, além de, não raro, declararem apoio explícito, simularem gratidão e apresentarem tom de "admiração" (ou quase "devoção") à presidente. Adotaram as propostas das mesmas e chegaram a desviar a pauta para "passe livre estudantil" (?).
Com isto, enganaram boa parte da população, sobretudo a desinformada pela mídia e pelos pronunciamentos governamentais.
Até o momento, não houve qualquer iniciativa no sentido de dialogar com movimentos legítimos, representativos e muito relevantes para o cenário político atual. Isto é temível, entre outras razões, pelo fato de que, quando não são ouvidos da forma tradicional, tendem, historicamente, a buscar modos alternativos.
Até o momento, não houve qualquer iniciativa no sentido de dialogar com movimentos legítimos, representativos e muito relevantes para o cenário político atual. Isto é temível, entre outras razões, pelo fato de que, quando não são ouvidos da forma tradicional, tendem, historicamente, a buscar modos alternativos.
Nesta semana, o Palácio do Planalto anunciou que, na sequência de diálogo com a sociedade, Dilma receberá grupos de índios. Não entrando no mérito de tais grupos, pois não é este o objetivo, os índios estavam nas manifestações promovidas? Os movimentos ignorados não só estavam, como também as organizaram, divulgaram e inspiraram.
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Dilma reúne com "movimentos que participaram das manifestações". Imagem: Reprodução/Internet |
Caio Martins. Crítica Política http://www.criticapolitica.org/2013/07/como-dilma-rousseff-esta-enganando-o
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