18 de agosto de 2015

Governo paga aluguel de limousines nos EUA após denúncia de calote de US$ 100 mil


O empresário só recebeu o dinheiro nesta segunda-feira (17), quatro dias após ele ter denunciado o calote nas redes sociais
O calote que o Governo deu no aluguel de carros de luxo para a comitiva presidencial nos Estados Unidos é um caso emblemático da crise no Itamaraty. O Ministério das Relações Exteriores passa por uma crise financeira desde o início do ano, deixando embaixadas sem o fornecimento de serviços básicos.

Se não bastasse a insuficiência dos repasses para pagar as contas de luz e água, a pasta demorou dois meses para pagar US$ 100 mil no uso dos veículos. A maior vítima desse atraso foi o brasileiro Eduardo Marciano, dono da NS Highfly Limousine, empresa de aluguel de veículos.

O empresário só recebeu o dinheiro nesta segunda-feira (17), quatro dias após ele ter denunciado o calote nas redes sociais. Falando à Jovem Pan direto da Califórnia, Eduardo disse que decidiu divulgar o atraso porque não sabia a data certa do depósito.

"Como eu não sabia quando iriam me pagar e uma data certa para estar honrando meus compromissos com os motoristas, decidi falar, já que tentei inúmeras vezes falar no Itamaraty e não tinha uma resposta decisiva. Não é possível a gente trabalhar de uma maneira sem saber a data em que vai receber", explicou.

Segundo Eduardo Marciano, foram alugados no total 19 limousines, dois ônibus, um caminhão e três vans na comitiva presidencial na Califórnia. Quando o empresário cobrou o pagamento no consulado brasileiro, recebia como justificativa a crise financeira do setor público brasileiro.

"O que eles todo tempo vinham me falando é que estavam com problemas de um outro órgão público que tem que repassar o dinheiro para o Itamaraty. Este órgão estava com problemas financeiros e estavam esperando aguardar o Itamaraty ter a verba para ser repassada para o Consulado do Brasil em São Francisco", disse.

O ex-ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia acredita que o episódio marca a crise e a depreciação do Itamaraty no Governo Dilma. "É emblemático, sem dúvida nenhuma, o Itamaraty está numa situação muito difícil. Por duas razões. Em primeiro lugar houve um desdobramento excessivo de embaixadas. Hoje temos mais que o triplo de número de embaixadas que tivemos historicamente. Em segundo lugar, particularmente durante o primeiro Governo de Dilma Rousseff, o Itamaraty foi fortemente depreciado e desvalorizado, recebendo pouco poder, pouca atenção e pouco orçamento".

Lampreia esclareceu que a decisão do aluguel dos carros é da comitiva presidencial, mas o repasse deve ser feito pelo Ministério das Relações Exteriores.

A área internacional da Secretaria de Imprensa da Presidência da República confirmou que o pagamento não havia sido realizado antes por conta das dificuldades financeiras enfrentadas pelo Itamaraty devido aos cortes orçamentários e afirmou que a pasta está quitando dívidas com fornecedores não apenas desta viagem específica como também de outras realizadas pelo Governo.

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