Estrutura única não perde em nada para coletes à prova de bala, diz estudo.
Gigante amazônico pode medir 3 m de comprimento e pesar 250 kg.
Pescador captura exemplar de pirarucu em lago da Amazônia. Espécie pode pesar até 250 kg e medir três metros (Foto: Divulgação/Jimmy Christian)
Para resistir às implacáveis piranhas, o pirarucu, grande peixe da Amazônia, é dotado de um colete composto que o protege dos dentes dos predadores, ao mesmo tempo duro no exterior e flexível no interior, revelou um exame de raio X feito por pesquisadores.Segundo estudo publicado nesta terça-feira (15) pela revista científica "Nature Communications", as escamas do pirarucu (Arapaima gigas) atuam como uma armadura natural com vários níveis de defesa.
É uma "estrutura única" que não perde em nada para os coletes à prova de bala usados por militares e policiais. Uma "estrutura sofisticada" à base de "elementos biológicos simples" é o segredo da blindagem tão eficaz do pirarucu, explicaram os pesquisadores.
Logo abaixo há uma segunda camada mais flexível, duas vezes mais grossa, composta de lâminas de colágeno, orientadas em diferentes direções e capazes de se alinhar em função da pressão a que são submetidas.
O resultado é que o impacto das mandíbulas das piranhas é amortecido e se distribui por uma grande superfície, impedindo que a blindagem externa se rompa. É uma versão natural, porém mais aperfeiçoada, do acolchoado que os cavaleiros medievais usavam por baixo da malha das armaduras.
Sem proteção contra humanos
Segundo o estudo, para aperfeiçoar ainda mais o dispositivo, as escamas do animal se sobrepõem de tal forma que transmitem energia à camada interna. O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce, com espécimes que pesam mais de 200 quilos, e tem de três a quatro metros de comprimento.
Se as escamas o protegem de piranhas e outros predadores naturais, são menos úteis contra o mais temido de todos, o ser humano, que o pesca intensamente por sua carne. Abundante no século XIX, este peixe está ameaçado de extinção.
Apesar das medidas de preservação, muitos cientistas consideram que, para salvar a espécie, é necessário instaurar uma atividade de criação capaz de abastecer os mercados.
Carnívoro, o pirarucu cresce rapidamente, até 10 quilos por ano, e suporta condições de criação intensiva graças à sua capacidade de respirar o ar atmosférico, o que permite viver em ambientes mal oxigenados.
Fonte: g1.globo.com/natureza/pirarucu-tem-blindagem-contra-ataque-de-predador
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