Mesmo que a gestante beba raramente, o bebê pode ser prejudicado
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
Como quase todas as grávidas, Ângela, 29, também sentiu desejo durante a gestação de seu filho, que nasceu há quatro meses.
Mas a vontade, no seu caso, colocava em risco a criança. "Eu via os outros bebendo cerveja e até enchia a boca de água", diz ela, que se apresenta nesta reportagem com um nome fictício.
Acostumada a tomar três ou mais copos de cerveja todos os dias com vizinhas em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), ela diz que, depois que soube da gravidez, manteve-se sóbria, exceto por algumas vezes. "Mas era só uma 'bicadinha', uns dois goles na cerveja."
Ângela é uma das mulheres que se encaixam nos resultados de uma tese de doutorado da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, segundo a qual 28,4% das grávidas em início de gestação apresentavam um consumo de risco de álcool.
Defendida em dezembro passado, a pesquisa ouviu 486 mulheres de até quatro meses de gestação em unidades básicas de saúde de Ribeirão e Araraquara em 2010. Desse total, 138 se enquadravam no risco em potencial.
Por uso de risco de álcool, o estudo, orientado pelo psiquiatra Erikson Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão, adotou como critério uma pontuação mínima (dois pontos) em um conhecido questionário no meio científico, denominado T-ACE.
Adaptado ao Brasil, o questionário pergunta, por exemplo, quantas doses de álcool a pessoa precisa ingerir para que se sinta mais desinibida.
Por uma dose (12 g de álcool), entende-se uma latinha de cerveja (350 ml), uma tulipa de chope, uma taça de vinho, uma dose de destilado (cachaça, vodca) ou uma garrafa de bebida do tipo ice.
A pesquisa considerou que a grávida que atingia dois ou mais pontos se enquadrava em uma situação de risco.
A partir desse grupo, 80 mulheres foram selecionadas para uma segunda etapa da pesquisa: receberem uma orientação de um profissional sobre os danos do álcool.
Em geral, segundo ele, nas pesquisas com grupos localizados, varia de 5% a 50% o consumo de álcool entre gestantes.
"Temos números isolados, mas já suficientes para apontar os danos do álcool para o bebê, mesmo que a gestante beba raramente."
Ele contesta tolerância com pequenas doses. "Para a mulher grávida, o ideal é água mineral sem gás. Além disso, é muito difícil que seja só um chope, só uma taça. Sempre vem a segunda."
Representante da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, o docente da USP Sérgio Peixoto diz desconhecer levantamentos nacionais.
Afirmou, porém, haver estudos nos EUA que revelaram que até 70% das grávidas de lá admitiram ter bebido ao menos ocasionalmente.
Segundo o Ministério da Saúde, menos de 1% das grávidas confessam durante o pré-natal na rede pública que fazem uso de bebida.
A pasta admite, porém, que o número está bastante subnotificado, porque as mulheres não admitem o hábito.
fonte: noticias.bol.uol.com.br/Álcool representa risco para grávidas
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
Mas a vontade, no seu caso, colocava em risco a criança. "Eu via os outros bebendo cerveja e até enchia a boca de água", diz ela, que se apresenta nesta reportagem com um nome fictício.
Acostumada a tomar três ou mais copos de cerveja todos os dias com vizinhas em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), ela diz que, depois que soube da gravidez, manteve-se sóbria, exceto por algumas vezes. "Mas era só uma 'bicadinha', uns dois goles na cerveja."
Ângela é uma das mulheres que se encaixam nos resultados de uma tese de doutorado da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, segundo a qual 28,4% das grávidas em início de gestação apresentavam um consumo de risco de álcool.
Defendida em dezembro passado, a pesquisa ouviu 486 mulheres de até quatro meses de gestação em unidades básicas de saúde de Ribeirão e Araraquara em 2010. Desse total, 138 se enquadravam no risco em potencial.
Por uso de risco de álcool, o estudo, orientado pelo psiquiatra Erikson Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão, adotou como critério uma pontuação mínima (dois pontos) em um conhecido questionário no meio científico, denominado T-ACE.
Adaptado ao Brasil, o questionário pergunta, por exemplo, quantas doses de álcool a pessoa precisa ingerir para que se sinta mais desinibida.
Por uma dose (12 g de álcool), entende-se uma latinha de cerveja (350 ml), uma tulipa de chope, uma taça de vinho, uma dose de destilado (cachaça, vodca) ou uma garrafa de bebida do tipo ice.
A pesquisa considerou que a grávida que atingia dois ou mais pontos se enquadrava em uma situação de risco.
A partir desse grupo, 80 mulheres foram selecionadas para uma segunda etapa da pesquisa: receberem uma orientação de um profissional sobre os danos do álcool.
- ÁLCOOL EM NÚMEROS
Em geral, segundo ele, nas pesquisas com grupos localizados, varia de 5% a 50% o consumo de álcool entre gestantes.
"Temos números isolados, mas já suficientes para apontar os danos do álcool para o bebê, mesmo que a gestante beba raramente."
Ele contesta tolerância com pequenas doses. "Para a mulher grávida, o ideal é água mineral sem gás. Além disso, é muito difícil que seja só um chope, só uma taça. Sempre vem a segunda."
Representante da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, o docente da USP Sérgio Peixoto diz desconhecer levantamentos nacionais.
Afirmou, porém, haver estudos nos EUA que revelaram que até 70% das grávidas de lá admitiram ter bebido ao menos ocasionalmente.
Segundo o Ministério da Saúde, menos de 1% das grávidas confessam durante o pré-natal na rede pública que fazem uso de bebida.
A pasta admite, porém, que o número está bastante subnotificado, porque as mulheres não admitem o hábito.
fonte: noticias.bol.uol.com.br/Álcool representa risco para grávidas
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