20 de fevereiro de 2013

Consumo de legumes e frutas entre os brasileiros está abaixo do ideal, segundo pesquisa da USP


Para suprir o valor indicado bastaria comer um prato de salada com legumes variados por dia

Pesquisa realizada pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP, em Piracicaba (SP), revela que o consumo de carotenoides (pigmentos de cor vermelha, alaranjada ou amarela encontrados nas células de alguns alimentos) entre brasileiros é abaixo da média considerada ideal. O consumo dessas substâncias tão importantes para a saúde é proporcional à renda e escolaridade da pessoa.
Os carotenoides também são indicadores de uma alimentação saudável e balanceada e seu baixo consumo é o reflexo de reduzida ingestão de frutas e hortaliças, consideradas fontes importantes de nutrientes e fibras.

Segundo o mestre em ciência e tecnologia de alimentos Rodrigo Dantas Amâncio, o Brasil encontra-se em uma fase de transição nutricional. Neste período, os problemas de sobrepeso coexistem com a inanição e dificuldades relacionadas à desnutrição.
“Em 2008 e 2009, os índices de déficit de peso reduziram drasticamente e a obesidade dobrou na população adulta feminina e está quatro vezes maior na população masculina adulta, se comparados com dados da década de 1970”, aponta o pesquisador. Apesar de conseguir alimentar-se mais, o brasileiro não está necessariamente se alimentando melhor.

Os carotenoides podem ser consumidos a partir da ingestão de frutas, legumes e verduras, podendo contribuir para retardar e até mesmo prevenir diversos tipos de doenças e suprir a falta de vitaminas. “Os níveis prudentes de ingestão de carotenoides totais são de 9.000 a 18.000 microgramas por dia. A pesquisa revelou que a média de consumo nacional foi de 4.117 microgramas por dia, abaixo dos valores preconizados como seguros”, registra Amâncio.
Para suprir o valor indicado bastaria comer um prato de salada de agrião, brócolis e cenoura e, como sobremesa, escolher uma fruta como manga ou pêssego. Entretanto, mais que apenas isso, recomenda-se o aumento no consumo destes alimentos nas refeições realizadas ao longo do dia, sobretudo quando são realizadas fora do domicílio.

O sobrepeso pode causar doenças crônicas não transmissíveis como câncer, hipertensão, doenças cardíacas e diabetes, que são as principais causas de morte no país. Enquanto isso, a carência de nutrientes na dieta pode trazer problemas como a hipovitaminose A, que consiste em uma insuficiência de vitamina A no organismo, podendo levar até mesmo à cegueira.

Para evitar tanto um extremo quanto o outro, a ingestão de carotenoides é indispensável. Segundo o pesquisador, “o consumo de substâncias bioativas, como os carotenoides (alfa-caroteno, betacaroteno, betacriptoxantina, licopeno, luteína e zeaxantina), considerados antioxidantes, podem prevenir as doenças crônicas não transmissíveis”.
Alimentos como tomate e seus derivados, manga, cenoura, acerola, cajá, goiaba, mamão, abóbora, alface, agrião, couve e milho são apenas alguns exemplos de alimentos ricos em carotenoides.

A pesquisa teve âmbito nacional e o objetivo foi analisar e conhecer o consumo de carotenoides de acordo com região, sexo, faixa etária, escolaridade e Índice de Massa Corporal (IMC). Foram analisados 34.003 casos de pessoas a partir de 10 anos de idade de todo o Brasil. Os dados utilizados na pesquisa foram obtidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o Ministério da Saúde, por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009.
Contrastes
As pessoas consideradas obesas — cujo IMC é maior ou igual a 30 — são consideradas um grupo de risco no que diz respeito ao desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis. A pesquisa mostrou que, apesar da necessidade, este grupo não ingere nem metade da quantidade adequada. Quando é analisado o consumo de carotenoides fora do domicílio, esse é o grupo que menos ingere as substâncias, em relação ao consumo total.

Também ocorre consumo inadequado dos carotenoides entre os jovens com idade entre 10 e 19 anos. O consumo dessas substâncias é essencial principalmente nesse período da vida, em que a pessoa encontra-se em desenvolvimento e a necessidade de nutrientes que evitem futuras doenças é maior.

A pesquisa também avaliou o consumo conforme classes sociais. O resultado é alarmante: pessoas com as melhores renda e escolaridade possuem informação e recursos que as possibilita uma alimentação melhor e mais balanceada. “Já a população de baixa renda e baixa escolaridade tem consumido alimentos de elevada densidade energética (doces, refrigerantes e frituras, por exemplo) e menor custo”, explica Amâncio.
Quando as regiões do Brasil foram comparadas, foi possível identificar a Norte com as menores proporções de consumo nas refeições em domicílio. Se considerar a ingestão fora do lar, esta é a zona responsável pelas maiores percentagens, em relação ao consumo total.

“O Brasil possui condições climáticas favoráveis à produção de alimentos carotenogênicos e uma biodiversidade muito rica. Mesmo assim, os alimentos típicos desta biodiversidade não estão entre os mais ingeridos pela população”, observa Amâncio.

Uma preocupação do pesquisador é a substituição de alimentos como frutas e verduras por alimentos industrializados, com altos teores de açúcares, gorduras e sódio. Uma alimentação saudável é essencial para a qualidade de vida da população e a educação nutricional é uma intervenção que se faz necessária no cenário atual brasileiro.
(Com a Agência USP de Notícias)

FONTE: Do UOL, em São Paulo/Consumo de legumes e frutas é abaixo

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