1 de maio de 2012

UMPOUCO DE HISTÓRIA


Não foi fácil transformar Brasília numa cidadeparque.
No início, foram transplantadas árvores nativas
da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica. A
maioria desses exemplares, no entanto, não resistiu
ao clima hostil do cerrado. Entre 1975 e 1976, morreram
cerca de 50 mil árvores adultas. “Foi uma coisa
muito negativa para Brasília, as pessoas ainda estavam
se acostumando com a nova capital. Ouvi gente
questionar ‘como uma cidade em que nem árvore
vai para a frente pode ser capital do Brasil?’”, lembra
o engenheiro agrônomo Ozanan Coelho, que ficou à
frente do Departamento de Parques e Jardins da Novacap
por 30 anos, até se aposentar, no ano passado.
Ozanan decidiu, na época, plantar 75 espécies
de cerrado em larga escala. “Deu certo”, orgulha-se
o homem que cultivou mais de 4 milhões de árvores
e floriu os mais de 700 canteiros da capital.
“Brasília é a flor do meu coração”, confessa, apaixonado,
Ozanan. “Quando eu morrer quero minhas
cinzas espalhadas no Buriti, na paineira em frente
ao Palácio da Justiça, na copaíba da 309 Sul e nos
jardins da 201/202 Norte”, diz, lembrando as histórias
desses lugares, como a vez em que salvou o buriti
de ser arrancado a machadadas. “Foi o maior
susto. Colocamos estacas para ele não cair e subi
na copa para adubar. Ele está lá, firme e forte.”
NEM TUDO SÃO FLORES
Se o Plano Piloto é um descanso para a vista,
basta caminhar um pouco para ver o que o crescimento
desordenado é capaz de fazer. “Vicente
Pires é uma tragédia, um exemplo clássico do
que acontece quando áreas criadas para um determinado
fim sofrem com a falta de planejamento”,
lamenta o professor de engenharia florestal
da Universidade de Brasília Eleazar Volpato.
“Há ferramentas de regulação que não são
observadas. É uma questão de prioridade para o
homem e para o governo”, alerta o especialista,
referindo-se à Lei Distrital nº 3.031. No entanto,
ele pondera: “Mesmo com todos os problemas, é
elogiável a preservação das áreas verdes, a conservação
dos parques e o trabalho de arborização.
Deveria ser intensificado, sempre é preciso
melhorar, porém é um privil

A FLORA
UMA SOMBRA PRA LÁ DE GENEROS

Não há como negar que Brasília seja dona de
um cenário belíssimo com suas árvores e flores
típicas. No total, são 3.400 espécies. Quem passa
pelo Hospital Regional da Asa Norte, por
exemplo, pode parar para apreciar as majestosas
siriguelas. Há jaqueiras, familiares de limoeiros,
cajueiros, além de outras espécies, como
o pequizeiro na entrequadra 108/109 Norte.
A flora do cerrado em geral é considerada uma
das mais ricas das savanas
tropicais. Ao todo, somamse
pouco mais de 12 mil tipos
de plantas, que não apenas
enfeitam, mas servem
aos setores alimentício, medicinal,
madeireiro etc.
Durante o período de estiagem,
predominam as
plantas coloridas, como a camomila-
amarela, os cravos,
as dálias, as perpétuas, as
sálvias, as zíneas, entre outras.
As mais cultivadas, no
entanto, são as petúnias e os
flocos. Na primavera, os guapuruvus,
as vochísias, o cambuí
e o pau-brasil produzem
o espetáculo natural da capital.
O flamboyant chama a
atenção para suas tonalidades:
amarelo, alaranjado e
vermelho. A sapucaia confunde
a todos encobrindo-se de folhas de coloração
rosa que mais parecem flores. O imbiruçu faz
um show à parte, com flores brancas presas às
extremidades dos galhos despidos de folhas. E o
jequitibá-vermelho, de beleza singular, ganha a
companhia de pequenas flores e folhas novas.
A cada mês, muda a paisagem. No primeiro semestre,
os destaques são as quaresmeiras nos tons
lilás e rosa; as paineiras rosas e brancas, seguidas
das bauínias. A sucupira desponta como um verdadeiro
símbolo do nosso cerrado, com floração que
vai do rosa ao violeta. E, para
encerrar o período, pode-se
contemplar o azul das belas
flores do jacarandá-mimoso.
Para os mais observadores,
nota-se que o pau-terra é
mais numeroso. Outra extravagância
do nosso cerrado é
a invasão de espécies atípicas
do local. A chefe do Núcleo
de Proteção e Reabilitação
Ambiental da Secretaria
de Agricultura do DF, Alba
Ramos, explica que, devido
aos reflorestamentos, há
chances de alguns tipos de
árvores se proliferarem em
um campo não apropriado.
“Aqui podemos esbarrar com
pinheiros e até capim-gordura,
vindo da África, que, por
serem plantas agressivas,
competem com as nativas.”
Os ipês,um show à parte
O ciclo das espécies nativas do cerrado
dá conta de um espetáculo único
proporcionado pelos ipês. Começa
pelos roxos, em abril e maio. Depois,
vêm os amarelos e, por fim, os brancos,
cujas flores nascem e caem em apenas
48 horas. No geral, a floração dura de
10 a 20 dias. Em setembro, os amarelos
colorem, sobretudo, os eixinhos. A dica
para quem é profundo admirador dos
ipês é passar diariamente pela
Esplanada dos Ministérios, onde muitos
estão plantados, entre agosto e
outubro.O mais pomposo deles fica
próximo à Catedral.Além de ser uma
árvore ornamental - não somente
quando em floração, mas também pela
folhagem densa, de cor verde azulada -,
o ipê é indicado ao reflorestamento,
devido a boa adaptação em terrenos
secos e pedregosos.
 Território marcado
As obras do lago começaram em dezembro de
1957, no canteiro que se transformaria pelos
próximos anos a área demarcada para sediar
Brasília. A construção foi importante para o
fornecimento de água para o restante das
obras e os trabalhadores da construção da
cidade.A primeira vez que registros oficiais
apontaram definitivamente a ideia de
construção de um lago artificial compondo o
cenário da nova capital foi em 1955, em
estudos realizados pela Comissão de
Localização da Nova Capital do Brasil. No
entanto, há muito que o Lago Paranoá estava
predestinado a existir. Desde a missão do belga
Louis Cruls.

O PARANOÁ
ELE SEMPRE ESTÁ PARA PEIXE…E PARA MERGULHOS, PASSEIOS DE
BARCOS E VELEIROS E MUITAS, MAS MUITAS MESMO, HISTÓRIAS FELIZES

Manancial em números
◗ 48km quadrados de extensão
◗ 48m de profundidade máxima
◗ 80km de perímetro
◗ 5km de largura.

 ter um lago artificial como o Paranoá
quando quase ninguém sequer acreditava
que a obra iria para frente no meio de uma cidade
do tamanho de Brasília é mesmo motivo de sobra
para orgulho. Poder nadar, brincar à sua beira,
pescar peixinhos com as palmas das mãos juntinhas
ou peixões, com vara e tarrafa, não é privilégio
de qualquer capital por aí. Mas Roberto há de
convir que se hoje os dias são de águas límpidas
para o Lago Paranoá, em outros tempos as coisas
não cheiravam assim tão bem. Faz só 10 anos que
o processo de despoluição do lago, que começou
no início dos anos 1990, terminou.
Quem mora à beira do lago há mais tempo deve
se lembrar do mau cheiro que tomou conta do Lago
Sul em 1978 e fez com que até restaurantes e estabelecimentos
comerciais fechassem. “Parece
que tem uma fossa aberta dentro da nossa casa”,
declarou na época uma dona de casa moradora
das redondezas para a reportagem do Correio.
Após isso, as coisas começaram a se mexer por ali
no sentido de limpar o lago e torná-lo de novo
uma opção agradável de lazer no lugar de um esgoto
a céu aberto, no meio da capital do país. O Lago
já passou por poucas e boas e teve também os
seus dias inglórios. É fato, não tem como esconder,
e também não é preciso, é só mais um capítulo na
história bonita que Brasília está construindo.
Segundo Fernando Starling, superintendente de
Recursos Hídricos da Companhia de Saneamento
Ambiental de Brasília (Caesb), da década de 1960,
quando foi inaugurado, até os anos 1970, o lago foi
poluído numa velocidade inesperada. A década de
1970 foi o ponto crítico. De lá para cá, projetos de
limpeza e despoluição deram conta do recado.
Atualmente, quase 98% dos seus 48 quilômetros
quadrados de área são próprios para banho. “Conseguimos
transformar o que era o pior lago artificial
do país no melhor deles”, orgulha-se Starling.
Para manter tudo em ordem, semanalmente a
Caesb testa a qualidade da água. São 40 pontos de
coleta. Por enquanto, nenhuma preocupação
emergencial com a qualidade da água. Além disso,
a despoluição do lago trouxe outro presente para alguns
moradores. Desde 2000 já existe pesca profissional
e amadora no lago. Pelos cálculos da Caesb,
cerca de oito toneladas de peixe são retiradas todos
os meses. “Numa única tarde, identificamos mais
de 500 pontos de pesca”, frisa Starling.

 No início do ano passado, um pescador fisgou o
maior peixe da história do Lago: uma carpa prateada
pesando 27 quilos tirada de um lago artificial
no meio de uma cidade com mais de 2 milhões
de habitantes. Em que outro lugar que não
Brasília? Como a carpa se alimenta de algas, havia
sido colocada ali há 10 anos como parte do programa
de despoluição. Agora o feito do pescador
está exposto na estação da Caesb no Lago Sul.
Mesmo sem carpas gorduchinhas, muita gente
ainda aproveita para matar o tempo na pescaria pela
beira do lago, com varinhas tímidas. Numa quarta-
feira à tarde, pouco antes de o Sol se pôr, lá estava
o bombeiro Zilmar Cirilo, 41 anos, com seu baldinho
pesado de tucunarés pequenininhos. “Já contei
hoje, deu 105!”, orgulhava-se, enquanto ajeitava
a varinha no porta-malas do carro. “Mas já pesquei
no ano passado dois baldes desses cheios, mais de
300. Meu recorde”, empolga-se. Faz 15 anos que o
brasiliense alimenta a paixão pela pesca ali no lago,
sempre na Ponte do Bragueto. “Não é qualquer um
que tem um lago desses por perto para pescar, né.”

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