6 de março de 2015

De repente a gente Muda

Projeto Cultura no Ônibus


ANTÔNIO DO LIVRO

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Jorge Amado já subiu em muitos coletivos no Plano Piloto, em Brasília. Não é que o escritor tenha tido um passado escondido longe da sua querida Bahia. Mas foi ele quem iniciou a intensa relação do cobrador de ônibus Antônio da Conceição Ferreira, o Antônio do Livro, com a literatura. Da paixão nasceu o “Cultura no Ônibus”, projeto em que os livros se transformam em passageiros com direito a assentos prioritários. É entrar, escolher o seu e aproveitar a viagem.
Minha história começa no Maranhão, por meio do meu pai. Ele não sabia ler nem escrever. A minha mãe também não. Só comecei a ler aos 13 anos. Minha professora era a cunhada do meu irmão. Tinha dificuldade. Tentava, mas quase não decifrava as palavras… Mas a gente aprende é com o contato, sabe? Porque a leitura é justamente para isso, para a gente aprender com o ser humano. Ela serve como um alerta: tem que ir por aqui, tem que ir por ali…
"Porque a leitura é justamente para isso, para a gente aprender com o ser humano."
Já enfrentei vários obstáculos na vida. Maior sofrimento… Fui boia-fria, capinava com o sol sob a pele. Plantava arroz, plantava milho, plantava feijão. Mas todo tempo enxergava que o estudo era tudo. É ele quem muda o ser humano para o melhor, para uma vida digna.
O “Cultura no Ônibus” tem 11 anos, mas começou com apenas um livro, como se fosse uma brincadeira. Depois coloquei uma caixa de sapato ao lado da roleta. Agora uma estante de plástico me acompanha nas viagens com o ônibus. Nesse tempo todo o meu acervo cresceu e agora tenho quase 8 mil volumes. Tem de tudo um pouco: literatura brasileira, autoajuda, gibi, revista. Tem até cordel.
"Não tem problema se a pessoa não traz o livro de volta. O livro vai circular e vejo essa pessoa como um produtor cultural do mesmo jeito."
O livro serve para transmitir conhecimento, cultura, educação. O passageiro tem a opção de ler no ônibus, de levar emprestado ou indicar o livro à outra pessoa. E não me preocupo com as devoluções. Não tem problema se a pessoa não traz o livro de volta. O livro vai circular e vejo essa pessoa como um produtor cultural do mesmo jeito. Porque sempre vai aparecer alguém que acha o livro interessante e acaba pegando emprestado.
“Meu sonho é ver um projeto semelhante ao meu em cada uma das linhas de transporte coletivo por aí.”
Não perco a esperança. Porque estudar muda o ser humano. Meu sonho é ver um projeto semelhante ao meu em cada uma das linhas de transporte coletivo por aí. Todo mundo pode ajudar um pouco. É só deixar um livro na parada de ônibus, no shopping ou dentro do ônibus mesmo. Deixe um livro em qualquer lugar em que as pessoas circulam. Aí é esperar o próprio livro provocar as pessoas.

Tem livros para doar? Fale direto com o Antônio: culturanoonibus.blogspot.com.br
Fonte: http://derepenteagentemuda.tumblr.com/bit.ly/1E8dGu7

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