Você trocaria as chaves do carro, as senhas do banco e do e-mail, o cartão de ônibus e até o de visita por um chip implantado sob a pele? Se a resposta for não, é melhor repensar. Tecnologias que permitem desbloqueio de aparelhos eletrônicos, destrava de catracas e até transações bancárias por aproximação estão cada dia mais presentes no nosso cotidiano. E, pode acreditar, elas vieram para ficar.
Um dos pioneiros no Brasil na implantação do dispositivo do tipo NFC (na tradução do inglês, Comunicação em Curta Distância), o belo-horizontino Matheus Cavalieri, de 32 anos, ostenta não só uma, como as duas mãos “equipadas” com tecnologias de rádio frequência.
O implante mais recente, realizada há pouco mais de um mês, durou cerca de dez minutos e, pasmem, custou a bagatela de R$ 300. O dispositivo, que fica na membrana entre o polegar e o indicador, serve como cartão de visita e armazena também o certificado digital, individual, requisitado por sites como o da Receita Federal e da Secretaria da Fazenda.
Por aproximação
Foi graças ao primeiro implante, no entanto, realizado no fim do ano passado, que Matheus pôde, literalmente, aprimorar - ou até esquecer - as inúmeras senhas que utilizava para acessar sites bancários, redes sociais, e-mails e até para desbloquear o notebook.
Hoje, basta aproximar a mão de um leitor específico (dispositivo fisicamente semelhante a um HD externo e que custa cerca de R$ 40) para acessar qualquer página que exija senha pessoal.
“Não sei qual é, por exemplo, minha senha do computador. E, a partir do momento em que eu desconheço as senhas, dificulto a interpretação por humanos, tornando quase inviável de ser descoberta por outros”, explica Matheus, que atua na área de desenvolvimento de soluções de segurança, reforçando a capacidade do chip de manter informações pessoais sob total sigilo.
O dispositivo RFID pode ser comparado a um token bancário e vem programado de fábrica. Já o NFC, cuja capacidade de armazenamento é de 888 bytes, pode ser reprogramado constantemente.
Dois de BH
Na capital mineira, está também o companheiro de Matheus na empreitada pelos biochips. O consultor em tecnologia Raphael Bastos, de 28 anos, que se enveredou pela área há mais de dez. Segundo ele, a aplicação do dispositivo teve duas motivações. “Fiz o implante justamente por facilitar no dia a dia, não ter que guardar senhas ou levar cartões e porque trabalho com isso. Somos pioneiros nesse tipo de aplicação”, comenta.
No mundo
Em todo o mundo, o norte-americano Amal Graafstra, de 38 anos, do site Dangerous Things, foi precursor nesse tipo de experiência, ao desenvolver e implantar um chip RFID. O objetivo dele era aposentar as chaves do carro e de casa.
Na sequência, Graafstra desenvolveu - e recebeu no próprio corpo - um dispositivo semelhante, com NFC. Em função disso, hoje ele também é capaz de transferir o cartão de visita, a exemplo de Matheus e Raphael, bastando aproximar a mão do smartphone ou leitor de outra pessoa.
Os principais smartphones da Sony, Samsung , Microsoft, por exemplo, já estão habilitados para fazer a leitura e gravação de informações a partir de biochips com a tecnologia NFC.
A Área 31 Hackerspace, na capital, é atualmente onde estão sendo feitos testes e pesquisas utilizando o biochip com as duas tecnologias
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