Rafaela Borges
Modelos duelam em comparativo
Márcio Fernandes/Estadão
O Ford Ka+ chegou “sacudindo” o segmento de sedãs compactos ao oferecer extensa lista de itens de série, incluindo o controle eletrônico de estabilidade (inédito no segmento), por preços competitivos. Aqui, ele desafia, na versão com motor 1.5, quatro importantes representantes da categoria: Fiat Grand Siena 1.6, Chevrolet Prisma 1.4 e Hyundai HB20S 1.6 – todos têm câmbio de cinco marchas.
O novato levou a melhor, mas a briga com o HB20S foi dura. O que decidiu a favor do Ka+ foi sua tabela, quesito que considera a relação entre o preço sugerido e os equipamentos disponíveis. O Hyundai sai de fábrica mais recheado que o Ford, mas custa R$ 46.800, ante os R$ 43.290 do rival.
Foi também a lista de itens que fez o Grand Siena, tabelado a partir de R$ 47.370, garantir o terceiro lugar. O Fiat vem bem recheado de série e é o que oferece maior número de opcionais. E alguns podem ser comprados separadamente, ao contrário da concorrência. O motor 1.6 de até 117 cv do Fiat também o deixa mais ágil que o Prisma, com seu 1.4 de 106 cv, no trânsito urbano. Isso embora o Chevrolet tenha um câmbio com engates mais fáceis e precisos.
Depõem contra o Chevrolet a tabela mais alta (R$ 48.070) dos quatro e a falta de liberdade ao consumidor, já que há apenas dois pacotes de itens disponíveis: LT e o de topo, LTZ, a partir de R$ 53.570. No dia a dia, mais ágil que o Grand Siena e o Prisma é o HB20S, que supera, com seu motor de 128 cv, também o Ka (cujo 1.5 gera até 110 cv). O Ford, porém, anda melhor que os rivais e, apesar de ser menos potente que o Fiat, tem mais torque e sua transmissão é mais eficiente – inclusive em relação à do Prisma.
O espaço interno está entre os poucos aspectos em que Grand Siena e Prisma se saem melhor do que Ka e HB20. No Fiat e no Chevrolet, os passageiros, principalmente os do banco de trás (dois viajam com relativo conforto), ficam mais bem acomodados. Além disso, seus porta-malas são maiores.
Novo Ford inova principalmente em segurança
O Ka+ se destaca por trazer o controle eletrônico de estabilidade (ESP) ao segmento. Aliado à suspensão bem equilibrada e à precisa direção elétrica progressiva (ante as hidráulicas dos rivais), o recurso, que é obrigatório na Europa, deixa o carro mais gostoso e seguro de dirigir tanto em alta velocidade quanto em curvas, corrigindo a trajetória das rodas em eventuais erros do motorista.
Na versão SE, o Ford sai de fábrica com ar-condicionado, direção assistida, rádio, vidros e travas elétricos. O pacote SE Plus, a R$ 45.290, inclui vidros elétricos traseiros e um sistema de som mais moderno. Apenas o SEL, de R$ 47.890, traz o ESP, além de rodas de liga leve e faróis de neblina, entre outros. Não ter retrovisor elétrico é um ponto negativo.
Prós:
SEGURANÇA E PREÇO: Trata-se do único modelo do segmento com controle eletrônico de estabilidade. Tabela é inferior à dos rivais.
Contras:
DETALHES: Retrovisores elétricos não são oferecidos como opcionais. Além disso, o sistema de som Sync é pouco intuitivo.
HB20S é um três-volumes com pegada multimídia
Se o Ka+ traz segurança ao segmento, o HB20S agrega entretenimento. Oferecido com cinco diferentes pacotes, o Hyundai pode ter TV digital e leitor de vídeos em MP3, além de navegador GPS. O preço da opção completa é de R$ 55.230. A lista de itens de série é bastante ampla. Inclui ar-condicionado, computador de bordo e sistema de som com comandos no volante.
O Hyundai é o único do quarteto com ajuste de volante (altura e profundidade, no pacote de R$ 48.550), que ajuda o motorista a encontrar a melhor posição de guiar. A ergonomia é ótima e comparável à do Ka+, que se sai melhor por ter vários porta-objetos espalhados pela cabine. O Hyundai passa bastante segurança ao motorista em curvas e ao rodar em alta velocidade.
Prós:
MOTOR E TECNOLOGIA: Seu 1.6 é o mais eficiente dos quatro modelos. Sedã é o único do segmento com TV digital e navegador GPS.
Contras:
PORTA-MALAS: Assim como ocorre com o Ka+, no Hyundai o espaço disponível para bagagem está longe de ser amplo.
Grand Siena dá liberdade de escolha ao consumir
A Fiat é uma das poucas montadoras do País que não abandonaram a prática de vender itens de série separadamente. Isso dá mais liberdade de escolha ao cliente. No Grand Siena Esssence, único do quarteto a ter rodas de liga leve e faróis de neblina de série – há ainda ar-condicionado e vidros e travas elétricos, entre outros –, a lista de extras é tão ampla que a tabela pode chegar a R$ 62.123.
No segmento, só o Fiat pode ter teto solar. Bancos de couro e versão sem pedal de embreagem também são oferecidos. Câmbio automatizado é opcional – HB20S e Prisma têm automáticos como itens extras. Em contrapartida, a suspensão é a pior entre os carros do comparativo. Mole demais, deixa o sedã um tanto inseguro em curvas e desengonçado em alta velocidade, situação na qual a carroceria balança muito. O câmbio poderia ter engates mais precisos. Já o porta-malas é o maior dos quatro.
Prós:
EQUIPAMENTOS: Rodas de liga leve e faróis de neblina são de série. Só o Fiat tem teto solar entre os extras.
Contras:
DETALHES MECÂNICOS: Falta firmeza à suspensão e precisão aos engates do câmbio de cinco marchas.
Espaçoso, Prisma peca por preço alto e gama limitada
O Prisma é um carro correto. O visual pode não impressionar, mas é agradável. O acabamento é inferior ao de Grand Siena (o melhor do comparativo) e HB20S, mas a cabine não é desprovida de atrativos. Principalmente na versão mais cara, que traz tela com sistema multimídia. E o espaço é bom para os ocupantes e no porta-malas.
As falhas são posicionamento de mercado e gama limitada. Não há razão para o Chevrolet ser o mais caro, pois tem o motor mais fraco e lista de itens de série que inclui sensor de estacionamento, mas carece de travas elétricas, direção ajustável em altura e som. Esses extras e as rodas de liga leve estão em um único pacote (LTZ), de R$ 53.370. Ou seja: as opções são muito limitadas. Na versão de topo, a tela central projeta mapas de GPS a partir de aplicativos de smartphones. Não é como no HB20S, em que o navegador faz parte do próprio sistema multimídia.
Prós:
ESPAÇO: Interior do Chevrolet pode acomodar bem quatro pessoas e porta-malas de 500 litros oferece boa capacidade.
Contras:
MOTOR: O 1.4 tem pouco torque e faz com que o sedã careça de agilidade. Tabela é a mais alta e há só dois pacotes de itens.
OPINIÃO: Segmento em transformação
A categoria de sedãs compactos está mudando – mesmo no segmento de entrada. Agora, as montadoras estão investindo em tecnologias inovadoras para conquistar o cliente. Tanto que todos os modelos deste comparativo saem de fábrica com ar-condicionado, direção assistida e vidros dianteiros elétricos. Além disso, cada uma investe em um diferencial tecnológico – em alguns casos, não disponível em modelos mais caros, como sedãs médios.
Da Ford, a segurança é a prioridade. Além de ESP, o Ka+ tem, nas versões com o sistema multimídia Sync, conexão direta com o Samu. Se o carro se envolver em um acidente, o serviço de socorro é acionado automaticamente sem intervenção humana. A Hyundai coloca o entretenimento em evidência. A TV digital oferecida como opcional no HB20S é raridade em automóveis feitos no Brasil, Argentina e México.
Nesse sentido, falta um diferencial tecnológico marcante ao Grand Siena e ao Prisma. Ainda assim, o Fiat se garante com a vasta lista de itens de série. Teto solar, por exemplo, é equipamento de carros de categoria superior, embora seja oferecido em outros compactos. No segmento, há ainda o Volkswagen Voyage, o Renault Logan e o Toyota Etios Sedan, entre outros.
Modelos duelam em comparativo
Foto: Márcio Fernandes/Estadão
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