22 de julho de 2014

SINAL DE ALERTA NO BC

Técnicos do Banco Central já se preparam para barrar um provável movimento do governo com o intuito de forçar a instituição a reduzir, em setembro próximo, a taxa básica da economia (Selic), que está em 11% ao ano. Por mais que o discurso oficial pregue a autonomia do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir os juros, nos bastidores, há um nervosismo crescente no Palácio do Planalto e entre os integrantes da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, com a possibilidade de o Brasil entrar em recessão antes de outubro, quando os brasileiros irão às urnas.

Nos últimos dois dias, quando o mercado financeiro intensificou as apostas de que o Copom pode cortar a Selic em sua próxima reunião, ficou claro o desconforto do BC. Primeiro, porque, mesmo com o nível da atividade no chão, pelo menos nos próximos três meses, a inflação deve se manter acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. Segundo, porque a autoridade monetária precisa reconstruir a credibilidade perdida nos últimos anos, ao submeter a política de juros aos desejos palacianos. Ou seja, baixar os juros às vésperas da eleição, mesmo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) além do limite de tolerância, faria mais estragos na economia, que já vem sendo varrida por uma onda de desconfiança.

Dentro do BC, poucos admitem que a instituição errou em agosto de 2011, ao dar um cavalo de pau na política monetária e começar a reduzir a Selic, mesmo com a inflação acumulada em 12 meses estando em 7,23%. Os defensores do time liderado por Alexandre Tombini alegam que, naquele momento, não só a atividade estava definhando, como o IPCA dava sinais de queda. O BC manteve os cortes da Selic até a taxa atingir 7,25% ao ano e, em junho de 2012, a inflação cravou 4,92%, o nível mais baixo registrado no governo Dilma.

“Portanto, não se cortou a Selic porque a presidente Dilma mandou. A inflação em baixa permitiu ao BC testar novos patamares de juros. Quando o IPCA voltou a subir, pressionado pelos produtos agrícolas, devido à devastadora seca nos Estados Unidos, os juros apontaram para cima, até se estabilizar em 11% ao ano. Esses movimentos, de alta e de baixa da política monetária, fazem parte do jogo”, ressalta um defensor do BC. Ele destaca que não será diferente agora. “O Copom tomará suas decisões de forma técnica, como sempre faz. E sempre priorizando o combate à inflação. Nada mais”, assegura.

No mercado, a expectativa é grande. Há analistas que não compram a versão de autonomia do BC. Alegam que a instituição cedeu, sim, ao caprichos da presidente Dilma, de ostentar um troféu por ter conseguindo levar à Selic para o nível mais baixo da história. Mais que isso: endossou a visão de que um pouquinho mais de inflação incrementaria o crescimento. O resultado disso foi que, na média do governo atual, o IPCA ficou sistematicamente acima de 6% e rompeu o teto da meta em 11 meses. O Produto Interno Bruto (PIB), por sua vez, corre o risco de encerrar 2014 com alta de mísero 0,5%.

Daqui por diante, cada passo e cada declaração do BC serão acompanhados com lupa pelos investidores. A ata da reunião desta semana do Copom, a ser divulgada na próxima quinta-feira, será lida e relida em todos os detalhes. Os investidores querem entender o que diz o BC ao usar o termo “neste momento” para justificar a estabilidade dos juros em 11%. A expressão é vista como uma porta aberta para o corte da taxa básica, sobretudo se, em 29 de agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrar que o Brasil está em recessão.

Mesmo reconhecendo a seriedade de Tombini e companhia, técnicos do BC admitem que a reputação da instituição será testada ao limite nas próximas semanas. O único pedido deles é que o Planalto não dê munição aos inimigos, especialmente aqueles instalados no próprio governo.

Aposta em IPCA negativo

» Técnicos da equipe econômica, favoráveis ao corte da taxa básica de juros (Selic) na reunião de setembro do Comitê de Política Monetária, já estão espalhando previsões de que a inflação de julho ficará próxima de zero ou mesmo poderá ser negativa.

Efeito inverso

» O argumento dos técnicos é o de que, em junho, metade do IPCA, de 0,40%, decorreu da alta das passagens aéreas e dos hotéis, por causa da Copa do Mundo. Com o fim do torneio na metade deste mês, a tendência é de que haja um movimento inverso e, mais baratos, os bilhetes aéreos e as diárias de hotéis ajudem a derrubar a carestia.

Caffarelli e o socorro

» O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, passou a última quinta-feira reunido com representantes dos bancos que participaram do pool que concedeu empréstimo de R$ 11,2 bilhões à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Ele está encarregado de fechar um financiamento adicional, próximo de R$ 3 bilhões, para evitar reajustes ainda maiores na conta de luz de 16 concessionárias em agosto.

Dúvida cruel

» A grande dúvida é se o aditivo do contrato já firmado com os bancos terá que contar o aval de todas instituições ou se apenas parte delas, incluindo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, poderá socorrer mais uma vez o governo para maquiar a bagunça instalada no setor elétrico.

Fonte:www.dzai.com.br/blog/blogdovicente/SINAL DE ALERTA NO BC

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