20 de dezembro de 2011



Guia dá dicas para financiar imóvel, carro, compras, estudos e viagens
O G1 consultou especialistas sobre como escolher e usar melhor o crédito.
Pesquisar taxas, prazos e linhas de crédito é fundamental.

Ligia Guimarães Do G1, em São Paulo

Em tempos em que os juros estão subindo e o governo toma medidas para evitar o endividamento excessivo das famílias brasileiras e a inflação, colocar no papel cada uma das taxas, prazos e modelos das linhas de crédito é fundamental na hora de escolher a maneira mais segura e adequada para financiar a compra de um bem ou serviço.
O G1 consultou especialistas em finanças, bancos, advogados e o Procon-SP e selecionou dicas sobre como escolher a maneira mais saudável de usar alguns dos principais tipos de crédito disponíveis no mercado.
 Confira 15 dicas antes de tomar dinheiro emprestado

Se você está prestes a utilizar alguma forma de crédito, há informações que ajudam a entender o mercado e se prevenir contra futuras dores de cabeça decorrentes de uma dívida feita às pressas.
Confira:

1  No crédito, quanto mais garantias e menos risco houver para o banco/financiador, menor é a taxa para o cliente.
Antes de optar pelo financiamento ou parcelamento de uma compra, pesquise qual o menor preço disponível no mercado e pergunte o quanto o mesmo bem custaria à vista. É esse o valor que deve ser referência para que você calcule o quanto de juro está pagando.
3  Na maioria das operações de crédito, quem toma o dinheiro emprestado terá que pagar o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF). Em empréstimos para a compra de imóvel para habitação, não é cobrado o IOF.
4   Nas demais operações, segundo a Receita Federal, a alíquota do IOF cobrada para a pessoa física é de é de 0,0082% ao dia + 0,38% do valor principal da operação financeira.
5  Nunca, em nenhuma hipótese, aceite fazer empréstimos em seu nome para terceiros.
6   Evite assinar contratos por impulso.
7   Em caso de dúvida, informe-se no Banco Central se a empresa está autorizada a realizar empréstimos. É possível entrar em contato com o Banco Central por telefone, por meio do número 0800-9792345. O horário de atendimento é das 8h às 20h nos dias úteis. Mais informações no site da instituição.
8   Além das parcelas do financiamento/empréstimo, verifique se existe a cobrança de tarifa de cadastro, Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ou outras cobranças administrativas ou de serviços no financiamento.
9   Guarde todo material publicitário. Ele integra o contrato e suas informações devem ser cumpridas.
10  Leia o contrato e assine somente depois de tirar todas as dúvidas. Questione a instituição financeira e alguém de sua confiança, como um advogado, caso seja necessário.
11  Exija e guarde sua via do contrato; garanta que tudo o que foi acertado verbalmente esteja descrito no papel.
12  Em caso de atraso no pagamento são cobrados multa de 2%, comissão de permanência, juros de mora e outras despesas comprovadas, desde que previstos em contrato.
13  O consumidor que deixar de pagar as parcelas, conforme previsto em contrato, poderá ser cobrado judicialmente e ter seu CPF inscrito no Serasa ou no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).
14  Se houver dúvidas, consulte órgãos de defesa de consumidor, como o Procon, para saber se há reclamações contra a instituição financeira.
15 Analise cuidadosamente se as parcelas não irão comprometer seu orçamento.
Saiba como usar crédito para financiar um imóvel

As taxas de financiamento de imóveis são, em geral, as mais baratas do mercado em relação a outras modalidades de crédito. Isso porque, caso o comprador não pague a dívida, o banco pode tomar o bem de volta para evitar a perda financeira. Quanto menor o valor financiado, menor o risco para o banco e menor a taxa.

-Documentação necessária para financiar um imóvel


Quem pretende financiar um imóvel pode providenciar a documentação básica antes mesmo de ir ao banco.

Embora outros papéis possam ser requeridos de acordo com cada caso e instituição financeira, há exigências comuns para todas as instituições.
- Carteira de Identidade ou outro documento oficial de identificação que informe o nome dos pais. Além do original, uma cópia;
- CPF, original e cópia, ou documento oficial original que tenha o número do CPF;
- Comprovante de estado civil, cópia e original;
- Comprovante de rendimentos, original e cópia;
- Certidão Conjunta Negativa de Débitos relativos a Tributos Federais e Dívida Ativa da União ou Certidão Conjunta Positiva com Efeito de Negativa de Débitos relativos a Tributos Federais e Dívida Ativa da União, disponíveis no site da Receita Federal;
- Quem deseja usar o dinheiro do próprio FGTS para dar de entrada no imóvel vai precisar de mais documentos, como carteira de trabalho e extrato do FGTS.
- Etapas do financiamento

De acordo com a Caixa Econômica Federal, o caminho básico até o financiamento de um imóvel envolve os seguintes passos do candidato ao crédito:

- simular as taxas para cada tipo de financiamento no site das instituições financeiras. Os bancos de varejo, públicos e privados, têm simuladores que podem ajudar o comprador antes mesmo que ele vá à agência bancária;
- preencher os cadastros e fichas, com informações pessoais e de renda, exigidos pela instituição financeira escolhida;
- se o cadastro for aprovado pelo banco, o cliente recebe a carta de crédito solicitada;
- junto com a carta de crédito, o cliente recebe do banco uma relação de outros documentos e formulários que ele precisará entregar à instituição.
- Pesquise a melhor taxa

A melhor saída para quem pretende financiar um imóvel é consultar todas as opções possíveis e saber qual o menor preço do mercado, que servirá de base para negociações.

Há linhas de crédito específicas para a casa própria disponíveis em praticamente todos os bancos de varejo do país. As opções variam de acordo com o perfil de cada comprador: renda, percentual a ser financiado e valor do imóvel.
Na Caixa Econômica Federal, banco público líder em crédito imobiliário no país, as taxas variam entre 5% ao ano + Taxa Referencial (TR) e 13,5% ao ano + TR.

O dinheiro que a Caixa empresta para os financiamentos de imóveis vem, basicamente, de uma das três seguintes fontes: o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); os recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE); ou o Programa Especial de Crédito Habitacional ao Cotista do FGTS.
- Preste atenção nos índices de correçãO

Antes de assinar um contrato de financiamento de imóvel, preste muita atenção aos índices de correção: são eles que determinarão o quanto o preço do seu empréstimo subirá ao longo dos anos.

Usualmente, os mais usados são as variações acumuladas em 12 meses do Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) ou o Índice Geral de Preço do Mercado (IGP-M). “Os índices são necessários para calcular o quanto a parcela valerá ao longo dos anos, com a inflação”, diz o consultor Alexandre Lignos.

O melhor, recomenda, é pesquisar qual desses índices subiu menos antes de ir ao banco; em caso de dúvidas, não assine e peça a consultoria de um advogado, até entender cada detalhe.

“O contrato não pode adotar mais de um índice no contrato, como ‘o índice que variar mais no período’, ou índices compostos, como IGP-M + TR. Só pode um único índice”, avaliou.
- Se você tem dinheiro para a entrada

Juntar uma boa reserva inicial é a melhor maneira de garantir taxas de juros e prazos menores em um financiamento imobiliário.

Quem se encaixa nesse perfil tem liberdade para encontrar bons negócios em imóveis usados, novos ou na planta.

No caso dos usados, o financiamento vale a pena se o preço for muito atraente: isso porque as taxas de financiamento dos usados são mais caras que a dos imóveis novos . “No momento em que o cliente deixar de pagar o imóvel, o novo ainda continuará novo ou seminovo. Já o usado financiado, quando o banco precisar tomar, em caso de inadimplência, já não vale nada”, avalia Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente de estudos econômicos e responsável pela pesquisa mensal de juros da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Para Oliveira, quem procura parcelas pequenas e prazo longo deve fugir dos usados. “O banco não financia 100% no imóvel usado. Para quem vai pagar parcelas com aperto, é mais complicado”, diz.

O consultor financeiro Alexandre Lignos, da IGF, diz que, a não ser que a diferença de preço entre o novo e o usado seja muito grande ou o imóvel seja o “sonho” do comprador, é melhor financiar um novo.

“Se a pessoa tem R$ 80 mil, é melhor comprar um usado de R$ 100 mil ou um novo de R$ 120 mil? Tem que se avaliar infraestrutura do condomínio, o quanto cada um vai depreciar, sem falar nos gastos com manutenção. Você nunca sabe ao certo quanto vai gastar em obras num imóvel usado”, diz Lignos.
- Novo ou na planta?

Na avaliação do consultor financeiro Alexandre Lignos, da IGF, quem tem dinheiro para dar de entrada pode se beneficiar da compra de imóveis na planta que, calcula, são em média 20% mais baratos do que os novos.

“No contrato, você está comprando um pedaço do terreno, uma coisa que ainda não existe”, diz. Apesar do risco – e principalmente quando há alguma reserva disponível - há mais espaço para negociar as condições de pagamento e de preferências do futuro proprietário. Além disso, como parte do valor do imóvel é paga à própria construtora, o montante a ser financiado com os bancos será menor.

“Se você compra na planta um imóvel de R$ 260 mil, e paga R$ 130 mil para a construtora até sair o Habite-se (certidão de que o imóvel está de acordo com a legislação), vai ter que financiar no banco R$ 130 mil, bem menos do que se você buscasse o financiamento do mesmo imóvel já pronto”, diz Lignos.
- Como financiar imóvel de madeira

De acordo com a Caixa Econômica Federal, não podem ser financiados imóveis de madeira que apresentem condições de “fragilidade ou baixa durabilidade, riscos de problemas estruturais e ausência de condições de habitabilidade”.

Assim como os imóveis de alvenaria, os imóveis de madeira precisam ser aprovados em vistoria realizada pelo departamento de engenharia do banco para que o financiamento seja aprovado.
- Quem não tem dinheiro para dar de entrada, mas tem pressa

Nesse caso, a solução é entrar em um financiamento de 100% do imóvel, com prazo longo. “Tem situações em que a pessoa tem uma renda baixa e ainda paga o aluguel. Nesse caso é muito difícil ela conseguir fazer uma reserva de R$ 20 mil, R$ 30 mil para dar de entrada”, diz Oliveira, da Anefac. Sempre que possível, no entanto, é melhor evitar essa opção. “Não vale a pena porque daí um imóvel que valia R$ 100 mil você vai acabar pagando R$ 300 mil em 30 anos”, avalia.
- Quem não tem dinheiro para dar de entrada e não tem pressa
Se o objetivo é ir juntando dinheiro para, um dia, realizar o sonho da casa própria, o consórcio pode ser uma boa opção. A vantagem, diz o economista da Anefac, é que um imóvel em consórcio pode sair de 25% a 30% mais barato do que em um financiamento tradicional.

A principal desvantagem, além dos prazos de pagamento mais curtos do que no financiamento imobiliário, é que não dá para ter ideia de quando o imóvel estará finalmente disponível para o proprietário.

“Para quem quer sair do aluguel agora, não serve. A não ser que você seja muito sortudo ou tenha uma boa reserva para dar um lance. É bom para um jovem que não esteja com pressa de sair da casa dos pais, ou um segundo imóvel, uma casa de campo”, exemplifica o economista.

Samy Dana, da FGV, e Alexandre Lignos, da IGF, discordam. Para eles, é bem melhor juntar o dinheiro em uma aplicação mês a mês, sem interferência de um consórcio, que cobra taxas pela administração dos recursos.
- Para quem vai construir o próprio imóvel ou fazer uma reforma

Realizar desde o início a obra de um imóvel idealizado pelo proprietário requer um tipo de financiamento que, em geral, é mais caro que o crédito imobiliário.

Mais uma vez, por causa do risco: em caso de inadimplência, é mais difícil para o banco tomar um imóvel que ainda não existe e, por isso, nem se sabe ao certo quanto valerá.

“Como o banco não consegue enxergar o produto final, não vai avaliar em preço muito alto”, avalia Samy Dana, que alerta: “é preciso tomar cuidado, porque quem constrói facilmente se engana nos planos, a construção demora mais e se gasta três vezes mais do que o previsto”.

Já para quem pretende reformar, há linhas específicas para a compra de material de construção com esse fim que são mais baratas que outras opções de empréstimo pessoal.
- Cuidados antes de financiar um usado

O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas, Samy Dana, diz que o financiamento de parte do imóvel usado é recomendável mesmo para quem já tem o dinheiro para pagar à vista, como alternativa para fugir dos riscos de eventuais pendências relacionadas ao bem.

“Financie pelo menos um pouquinho do imóvel. Antes de aprovar o financiamento, os bancos fazem uma busca para ver se ele está em condições adequadas, se não tem pendência judicial ou está devendo imposto. Você paga por isso, mas fica mais barato do que fazer por conta própria”, afirma Dana.

Buscar um cartório de registro de imóveis e exigir o máximo de informações do proprietário também são passos para quem quer evitar surpresas desagradáveis na compra.
Fique atento a itens como:
- se o proprietário do imóvel é o único dono ou se há outros proprietários;
- se o proprietário(a) é casado(a), é necessária a assinatura do cônjuge para fechar o negócio;
- se há certidão negativa da prefeitura de ônus com o IPTU do imóvel;
- exigir últimos comprovantes de pagamento de água, de luz e de outros encargos incidentes sobre o imóvel;
- no caso de apartamentos, peça ao síndico uma declaração negativa de débitos do imóvel no condomínio.
- Quando vale a pena refinanciar o imóvel
Refinanciar o próprio imóvel e obter dinheiro a juros menores pode ser uma boa solução para tem uma dívida cara (como no cheque especial ou no cartão de crédito, por exemplo). Mas atenção: a alternativa só é viável para quem tem certeza que conseguirá pagar as parcelas do financiamento sem problemas. Isso porque, em caso de inadimplência, o endividado perde o imóvel.

“É arriscado para quem for deixar de pagar. Mas vale para valores proporcionais: não tem cabimento para cobrir uma dívida de R$ 10 mil no cheque especial, fazer um financiamento de R$ 100 mil”, ensina Oliveira, da Anefac.

Para Samy Dana, da FGV, o refinanciamento é recomendável para quem tem certeza da sua capacidade de pagamento. “Eu não acho que você pode usar isso para entrar em um risco maior, de tomarem seu imóvel. Mas o mecanismo é recomendado”, afirma.
- Como usar o FGTS

Na hora de planejar o financiamento, lembre-se do FGTS: ele pode ser o maior aliado de quem quer reduzir o prazo e as taxas de juros no crédito imobiliário.

“É uma possibilidade interessante uma vez que esse dinheiro fica um pouco congelado na sua vida, não rende muito”, diz Samy Dana, da FGV.

A maneira mais tradicional e conhecida de usá-lo é como entrada do imóvel. Pode, no entanto, também ser usado para quitar parcelas (atrasadas, inclusive) ou reduzir o saldo devedor do financiamento do mesmo imóvel mais de uma vez, desde que haja saldo disponível - mesmo que o FGTS já tenha sido usado na entrada.

“É importante usar para dar de entrada e, depois disso, é permitido a cada dois anos você pegar o FGTS e amortiza taxa do saldo devedor”, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Anefac.
- Taxas que você paga sem saber

O advogado Marcelo Tapai, especialista em ações judiciais do setor imobiliário, diz que é preciso ficar atento para não levar um susto na hora de pagar o financiamento do seu imóvel. Confira as taxas que, muitas vezes, são cobradas no financiamento imobiliário sem aviso prévio:
- Taxas de consultoria/assessoria imobiliária

As mais comuns são a Sati (Serviço de assessoria técnica imobiliária) e a taxas de corretagem, cobradas geralmente nos estandes de venda que as construtoras montam no próprio terreno do empreendimento.

“Quando alguém compra o imóvel, tem que pagar apenas o valor do imóvel. Todo o resto é opcional e deve estar discriminado antes do pagamento”, orienta. De acordo com o advogado, é importante pedir essa discriminação por escrito antes de fechar negócio. “Senão cobram o preço do imóvel R$ 100 mil, você vai lá R$ 10 mil de entrada e quando vê o contrato percebe que custava R$ 95 mil”, exemplifica.
- Financiamento ‘recomendado’

É importante, segundo Tapai, pesquisar as melhores condições antes de aceitar a linha de financiamento “recomendada” pela construtora. Muitas vezes, isso acontece porque a construtora financiou a obra com a mesma instituição, e cobra taxas para repassar a documentação do cliente ao banco de preferência dele.

“O consumidor tem o livre direito de usar a linha de financiamento que for mais conveniente. A construtora não pode cobrar essa taxa do cliente”.
 Saiba como usar crédito para financiar um carro

Quanto mais novo o carro, menor a taxa de juros de financiamento: isso porque, caso o cliente deixe de pagar as parcelas, um veículo antigo terá perdido muito valor para que tomá-lo de volta seja um bom negócio para a instituição financiadora.
- Encontre o menor preço

Na avaliação do professor Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas, poucos financiamentos requerem tanta pesquisa quanto as linhas de crédito para a compra de um carro.
De acordo com Dana, a melhor opção é procurar as linhas disponíveis nas financeiras das próprias montadoras: mais que oferecer crédito, elas estão interessadas em “desovar” o estoque.
Além disso, segundo o economista, é preciso comparar os preços em diferentes fornecedores para saber qual é, no mercado, o menor preço para o carro pretendido. “Muitas vezes as montadoras anunciam o preço maior do carro, que já embute juros. E você tem a ilusão de que a taxa é baixa. O certo é o comprador bater um pouco de perna, pesquisar qual é o preço do carro e depois saber a taxa de juros que você está pagando em cima desse menor preço”, recomenda.

“O importante é o consumidor pesquisar em cada loja, primeiro no banco em que ele é correntista. Daí vai à concessionária, mostra todas as propostas e, depois de negociar, compra. Normalmente, a taxa para veículo zero é menor que para usado”, afirma Miguel de Oliveira, da Anefac.

- Junte dinheiro para a entrada

Já para José Dutra Vieira Sobrinho, economista do Insper, o melhor é juntar pelo menos 20% do valor do veículo como entrada e fazer o financiamento no menor prazo possível.

“Quando a pessoa compra o carro financiado ela não deve o carro, deve o empréstimo”, diz Dutra.
Opção tradicionalmente mais barata que o financiamento, aponta Dutra, é o leasing. “Quando você adquire veículo via leasing, ele não é seu, pertence à empresa de arrendamento mercantil. As taxas normalmente são menores”, avalia.
- Consórcio

Outra opção para se realizar o sonho do carro próprio é o consórcio. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Consórcios (Abac), Paulo Roberto Rossi, o modelo pode ser recomendado para quem não tem pressa de obter o bem.
“Você vai pagar um custo bem menor que o financiamento. Financiamento é para quem precisa do bem imediatamente”, afirma Rossi.

O consórcio, na prática, é um grupo de pessoas que criam um fundo comum para se financiar mutuamente. Detalhes importantes como quantas carteiras de crédito serão concedidas e quantos sorteios serão realizados são definidos no regulamento de cada grupo: por isso, diz Rossi, é preciso ficar atento às regras e participar das assembleias de cotistas.

“Tem que participar das assembleias e pagar todas as prestações, para que todos do grupo sejam beneficiados”, analisa.

Para o consultor financeiro Alexandre Lignos, da IGF, juntar dinheiro em uma poupança própria ou outro tipo de aplicação é mais vantajoso que um consórcio, porque evita a cobrança das taxas de administração.

“É melhor você juntar, fazer uma aplicação programada, do que pagar para outro fazer isso para você”, recomenda.

- Quem pode financiar um carro
“Hoje qualquer pessoa que tenha uma renda ou mínimo para conseguir pagar um comprometimento mensal pode fazer um empréstimo”, diz a superintendente de Produtos da Santander Financiamentos, Gabriela Szprinc.

Segundo a executiva, os critérios de análise de concessão de crédito – como pesquisar se o candidato tem “nome sujo” no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e Serasa – variam de acordo com a instituição e não podem ser divulgados. “Faz parte da estratégia da empresa”, afirma.
- Troca com troco

Mais uma alternativa para quem quer trocar uma dívida cara (como cheque especial ou cartão de crédito) por uma mais barata é fazer o seguinte: dar seu carro usado de entrada, retirar um novo financiado e usar o “troco” da diferença entre os dois para colocar as contas em dia.

Parece fácil e pode ser boa saída para organizar a vida financeira, com a ressalva: a “troca” só deve ser feita em caso de real necessidade.

“Se a pessoa tem um carro bom, não vai se livrar dele só para liquidar o cheque especial. Financiar um carro para pagar uma dívida pequena não compensa. Tem que avaliar”, diz Miguel Oliveira
Quando o objetivo é encontrar o modo mais barato de financiar a compra de bens como geladeira, fogão, móveis e eletrodomésticos, não há regra ou caminho definido: o negócio é "bater perna" e pesquisar, conforme ensina o o vice-presidente estudos econômicos responsável pela pesquisa de juros da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.
"Não há uma regra assim, mais barato ou mais caro; o certo é a pessoa pesquisar. Se a pessoa tiver certeza de que vai pagar em dia, o cartão de crédito pode ser a melhor opção porque se foge dos juros na loja", diz Oliveira.
As taxas nessas modalidades de crédito ao consumidor, diz o economista, são mais caras que as de imóvel e carro porque o risco para a instituição financeira é grande: em caso de inadimplência, não dá para recuperar o bem.
- Quem pode usar o crédito ao consumidor

O principal critério que determinará as taxas e o prazo de pagamento dos empréstimos concedidos ao consumidor será o histórico de pagamentos do tomador.

Quem tem perfil mais “arriscado” para o banco, com mais possibilidade de inadimplência, provavelmente conseguirá prazos menores.
No Santander, por exemplo, um financiamento “seguro” é o que compromete menos de 30% da renda do cliente; nesse perfil, o tomador pode conseguir prazos para empréstimo pessoal em até 48 meses.
- Saiba como usar o cartão de crédito e o cheque especial

O maior erro que o consumidor pode cometer no uso do cartão de crédito e do cheque especial é habituar-se a recorrer a eles como complemento da renda mensal, para cobrir os gastos que estouram o orçamento.
“O cartão e o cheque especial são opções muito caras de crédito para serem usadas em caso de emergência. Se o cheque especial começa a ser usado todo mês, o melhor é procurar uma opção mais barata, como um crédito pessoal”, recomenda Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Não à toa, as duas modalidades são chamadas de "crédito emergencial": para serem usadas pontualmente e, no caso do cheque especial, devidamente cobertos o mais rápido possível.
O cartão de crédito, no entanto, pode ser uma boa opção de pagamento para quem não tem dúvidas sobre a própria capacidade de quitar a fatura em dia. "Parcelar compras no cartão é melhor, porque é sem juros e tem a vantagem de pagar tudo no mesmo dia, e juntar pontos para trocar por produtos e milhas. Agora, se [o consumidor] não conseguir pagar o cartão é pior, porque o crédito rotativo é muito mais caro”, diz o professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite.
A prioridade de quem se atrapalhar com as dívidas no cartão de crédito ou no cheque especial, dizem os economistas, deve ser trocar o montante devido por uma opção mais barata de crédito, como um empréstimo pessoal ou consignado no banco em que se é correntista.
"O melhor é entrar em contato com o banco e procurar uma opção com juros menores, para organizar e quitar antes que a dívida fique fora de controle", diz Dana.
- Confira os extratos e faturas

Na avaliação de Alcides Leite, é importante que quem usa cartão de crédito e cheque especial adquira o hábito de analisar os extratos ao menos uma vez por semana, para prever débitos futuros e saber o quanto deve. “Tem que ter uma previsão de quanto vai pagar no próximo vencimento”, diz.

Quando usa o cheque especial, o correntista está sujeito à cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para pessoas físicas, a alíquota é de 3% ao ano sobre o valor do saldo devedor (empréstimo). Para as pessoas jurídicas, de 1,5%.

Na semana passada, governo federal limitou a um ano o período de incidência do IOF nas dívidas de cheque especial de pessoas físicas e jurídicas consideradas inadimplentes. Antes disso, o imposto continuava sendo cobrado indefinidamente, até o momento em que a pessoa fosse renegociar a dívida com o banco.

- Novas regras para cartão de crédito

Desde 1º de junho, passaram a funcionar as novas regras para cartão de crédito anunciadas em dezembro pelo governo. Segundo o Banco Central, o objetivo da mudança é justamente evitar o superendividamento das famílias.
- Leve sua dívida para outro banco

Quem
tem uma dívida a juros altos pode trocar de banco se encontrar um financiamento mais em conta: é a chamada portabilidade do crédito.

“Isso é pouco usado no Brasil, mas é direito do consumidor”, afirma Ademiro Vian, diretor adjunto de produtos e financiamento da Federação Brasileira dos Bancos. Na chamada portabilidade do crédito a vantagem é que não é cobrado o IOF, Imposto sobre Operações Financeiras.
- Quando vale a pena trocar de banco

Na avaliação do diretor da Febraban, no entanto, a troca da dívida de um banco para outro só é vantajosa para operações de crédito pessoal, como cheque especial, cartão de crédito e empréstimos para pessoa física.

No caso de financiamento automotivo e imobiliário, o custo da transferência do bem financiado de um banco para outro acaba tornando a troca pouco atrativa. “Se o imóvel está hipotecado para o banco A , tem um custo no cartório para transferir para o B. Mesma coisa com o carro, se está alienado”, afirmou Vian.

De acordo com o presidente da Associação de Notários e Registradores (Anoreg), Francisco José Rezende dos Santos, a transferência da hipoteca é necessária e o preço das tarifas cobradas para esse tipo de serviço varia conforme o estado. Em Belo Horizonte, por exemplo, o custo de transferência de um financiamento de R$ 130 mil de um banco para outro, a ser pago pelo cliente em cartório, é de R$ 1402. “O valor máximo em tabela, para transações acima de R$ 3 milhões, é de R$ 1,8 mil”, diz.
Já a taxa cobrada pelo Detran para emitir um novo documento do veículo na troca de bancos é mais barata: no Detran de São Paulo, por exemplo, a tarifa para cobrada por este serviço em veículos licenciados é de R$ 134,37.
- Tenha mais poder de barganha

A possibilidade de mudar de instituição financeira em busca de taxas mais baratas aumentou o poder de argumentação e barganha do consumidor, na avaliação de Ademiro Vian, diretor adjunto de produtos e financiamento da Federação Brasileira dos Bancos.

“Só de o cliente ameaçar levar sua dívida para outra instituição já abre portas para negociação”, analisa.
Para realizar a troca, diz o economista, é só pesquisar as taxas e entrar em contato com o banco que tiver a proposta mais interessante para solicitar a portabilidade.

“É para ser instantânea, no máximo em 24 horas. Ele pega o saldo do banco A, onde tem a dívida, leva no banco B e pede. O banco B fará uma transferência para o banco A, já liquidando a dívida desse cliente”, explica o diretor, que diz que a vantagem para o

banco B é a conquista do novo cliente.

De acordo com o executivo da Febraban, em março de 2011 houve apenas 7,913 mil operações de portabilidade de crédito no Brasil, num total de R$ 47,943 milhões.

Em janeiro de 2010, havia pouco mais de 6 mil operações, em R$ 40,6 milhões. “Perto dos R$ 1,7 trilhão concedidos em crédito atualmente pelo sistema financeiro no Brasil, é praticamente nada”, afirmou Vian.


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