A vida da autônoma Léia Silva da Conceição, de 41 anos, mudou radicalmente há seis meses. Após sentir dores no nariz provocadas inicialmente por uma sinusite, ela foi diagnosticada com câncer de pele, em 2014. A família diz que uma cirurgia naquela época seria a solução para a doença, mas a demora na emissão de passagens aéreas pelo governo do Amapá para tratamento da paciente em outro estado teria agravado o problema. Enquanto aguardava pelo benefício, Léia perdeu a boca, o nariz e o olho direito, retirados para evitar que o câncer se espalhasse, segundo a família.
As passagens pelas quais a autônoma aguarda são emitidas gratuitamente pelo Programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Procurada pelo G1, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que vai entrar em contato com a família da paciente para acelerar o processo de liberação dos benefícios.
A filha de Léia, Lidiane Pereira, de 16 anos, conta que o drama da mãe começou em 2013, quando dores no nariz começaram a incomodá-la.
"Uma massa apareceu nas duas narinas até que ambas fossem tapadas", disse Lidiane. O tratamento inicial, segundo ela, foi à base de remédios específicos para amenizar o problema. A adolescente conta que por quase um ano os médicos não descobriram que doença Léia tinha, até que veio o diagnóstico do câncer de pele, e uma cirurgia de emergência deveria ser realizada para eliminar a doença.
Viagem
O hospital mais próximo para o qual Léia foi encaminhada fica em Belém, no Pará. Sem dinheiro para a viagem, a autônoma, então, iniciou a busca pelo benefício do TFD. A demora na liberação das passagens provocou a mutilação da paciente, afirma a família.
O hospital mais próximo para o qual Léia foi encaminhada fica em Belém, no Pará. Sem dinheiro para a viagem, a autônoma, então, iniciou a busca pelo benefício do TFD. A demora na liberação das passagens provocou a mutilação da paciente, afirma a família.
“Demoraram para diagnosticar o câncer e a doença se espalhou pelo rosto. Então foi necessária a cirurgia para o tumor não se espalhar porque a passagem estava demorando para ser liberada”, lamenta Lidiane.
"É revoltante como tratam a saúde pública no nosso estado. Não era para esta senhora chegar a esse ponto", diz o padre Paulo Roberto, que é presidente da casa de apoio a doentes com câncer Instituto Joel Magalhães.
Cirurgias
A primeira cirurgia no rosto da mulher aconteceu em agosto de 2014 e retirou o céu da boca e a cartilagem do nariz da paciente. A segunda ocorreu em dezembro do mesmo ano. Na ocasião, o olho direito da autônoma foi retirado. A família teme que o câncer atinja outras partes do rosto de Léia.
A primeira cirurgia no rosto da mulher aconteceu em agosto de 2014 e retirou o céu da boca e a cartilagem do nariz da paciente. A segunda ocorreu em dezembro do mesmo ano. Na ocasião, o olho direito da autônoma foi retirado. A família teme que o câncer atinja outras partes do rosto de Léia.
Os procedimentos mudaram a rotina da família. Oito pessoas moram em uma casa na periferia da Zona Sul de Macapá, e parte da renda familiar, pouco mais de R$ 700, passou a ser usado especificamente para compras de remédios.
Além disso, todos na casa voltaram as atenções para a autônoma, que necessita de cuidados especiais por causa da perda da fala como resultado da retirada da boca. A mulher se comunica por gestos.
A filha diz que apesar do sofrimento, ainda é possível ouvi-la sorrir. “O sorriso e o amor é que nos motiva a continuar lutando contra a doença”, falou a filha, que aguarda com a família a liberação das passagens para iniciar o tratamento em Belém.
FONTE: g1.globo.com/ap/amapa/noticia/Mulher perde boca
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