31 de julho de 2014

TRT fixa 10% de aumento e greve de ônibus chega ao fim no Grande Recife

Salários passam para R$ 1.765,50 (motoristas) e R$ 811,80 (cobradores).
Fiscais de coletivos, que recebem R$ 1.037, passam a ganhar R$ 1.140,70.

Do G1 PE
Motoristas, cobradores e fiscais comemoram resultado de julgamento no TRT (Foto: Vitor Tavares/G1)Motoristas, cobradores e fiscais comemoram resultado de julgamento no TRT (Foto: Vitor Tavares/G1)
O Tribunal Regional do Trabalho da 6º Região (TRT-PE) fixou em 10% o reajuste salarial para motoristas, cobradores e fiscais de ônibus do Grande Recife, no julgamento do dissídio coletivo da categoria, realizado na tarde desta quarta-feira (30). O TRT também determinou o fim da greve, deflagrada na última segunda (28), e o retorno dos trabalhadores aos postos de trabalho a partir da 0h desta quinta (31). O Sindicato dos Rodoviários comemorou a decisão e informou que a paralisação está encerrada. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), que reúne os empresários do setor e oferecia aumento de 5%, anunciou que vai analisar se entrará com recurso no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Com o aumento de 10%, os salários passam a ser de R$ 1.765,50 (motoristas) e R$ 811,80 (cobradores), respectivamente. Já os fiscais que recebem R$ 1.037 passam a ganhar R$ 1.140,70. Atualmente, os salários são de R$ 1.605 (motoristas) e R$ 738 (cobradores). Os desembargadores também elevaram de R$ 171 para R$ 300 o valor do tíquete-refeição dos rodoviários.
"É um novo marco no Tribunal essa decisão. A greve é um direito assegurado judicialmente, mas com alguns pontos que devem ser mantidos. A partir da meia-noite, todos devem voltar ao trabalho", disse a juíza relatora do caso, Ana Catarina. A multa estabelecida foi de R$ 100 mil reais para quem não cumprir a decisão, seja os trabalhadores ou empregadores.
Rodoviários comemoram resultado com aumento de 10% nos salários (Foto: Vitor Tavares/G1)Rodoviários comemoram resultado com aumento de 10% nos salários (Foto: Vitor Tavares/G1)
"Convoco todos os trabalhadores a a voltarem ao trabalho, depois da vitória de todos os rodoviários. É o sinal da seriedade, de fazer uma greve dentro da lei, com respeito", disse o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio.

O julgamento ocorreu na Sala de Sessões do Pleno do TRT-PE, localizado no Cais do Apolo. O Pleno é formado por 19 desembargadores. No entanto, na sessão desta quarta, cinco desembargadores estavam ausentes: Eneida Melo Correia de Araújo e André Genn de Assunção Barros, em razão de férias; Fábio André de Farias, por motivo de viagem; a corregedora Virgínia Malta Canavarro, em correição na cidade de Serra Talhada, no Sertão do estado; e Gisane Barbosa de Araújo, por prerrogativa de impedimento relacionada a questões familiares.
Oito dos 13 desembargadores presentes votaram a favor do aumento de 10%. O presidente do TRT-PE, desembargador Ivanildo da Cunha Andrade, só votaria em caso de empate.
Antes do julgamento do dissídio, motoristas, cobradores e fiscais de ônibus em greve fizeram passeata pelas ruas do Centro do Recife. Do Parque 13 de Maio até a sede da Justiça do Trabalho, no Cais de Apolo, mais de 100 manifestantes carregaram bandeiras e foram acompanhados por um carro de som, de acordo com a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) da capital.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), que reúne os empresários do setor, ofereceram 5% de reajuste nos salários e no tíquete-alimentação. A categoria não fechou acordo em rodadas de negociação no Ministério Público do Trabalho e deflagrou greve desde a última segunda (28). "Decisão judicial é para ser cumprida, não se discute. Vamos analisar a sessão, fazer um prognóstico, mas vamos trabalhar. Temos que prestar o serviço essencial à população. Não há nenhum aumento em vigor da passagem de ônibus", disse Bandeira.
Ônibus liberaram entrada de passageiros pelas portas de trás, sem pagar, no bairro da Encruzilhada (Foto: Katherine Coutinho / G1)Motoristas liberaram entrada de passageiros pelas portas
de trás, sem cobrar tarifa (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Transtornos no Grande Recife
No terceiro dia da greve da categoria, nesta quarta, uma série de confusões e contratempos foi registrada na Região Metropolitana. Em alguns terminais de integração, pneus de ônibus foram esvaziados e passageiros, obrigados a descer dos veículos.
Também houve tumulto na Estação Central do metrô do Recife. Quem precisou usar o transporte e depende dos ônibus para fazer integração e seguir viagem, não conseguiu escapar dos transtornos causados pela paralisação dos rodoviários. Logo pela manhã, o pátio da estação estava lotado. Filas se misturavam umas às outras, sendo praticamente impossível identificar alguma ordem no espaço.
Usuários de ônibus ainda tiveram que recorrer a meios alternativos, como mototáxis, lotações e kombis.para chegar ao trabalho. No Terminal Integrado do Barro, em Jardim São Paulo, havia um ponto de mototaxistas durante a manhã. O G1 conversou com alguns deles e constatou que o preço para ir até o Terminal da Macaxeira varia de R$ 10 a R$ 20. A tarifa do anel A do ônibus, a mais usada na Região Metropolitana, custa R$ 2,15. Ao pagar o valor, o passageiro pode pegar outro coletivo sem pagar ao chegar a qualquer terminal.
A greve afeta a vida de cerca de 2 milhões de passageiros que utilizam o transporte diariamente. Atualmente, o sistema conta com aproximadamente 3.000 veículos, distribuídos em 385 linhas e 18 empresas. No Grande Recife, são feitas, em média, 25 mil viagens por dia.
Rodoviários fizeram passeata até a sede do TRT, onde ocorre o julgamento do dissídio da categoria (Foto: Vitor Tavares/G1)Rodoviários fizeram passeata até a sede do TRT, onde ocorre o julgamento do dissídio da categoria (Foto: Vitor Tavares/G1)Fonte: g1.globo.com/pernambuco /termina greve na Grande Recife

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